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“Precisamos de democracia e não de uma plutocracia, com baixo patamar ético”.

Luís Roberto Barroso

O sistema político brasileiro, voraz consumidor de recursos, é financiado por ricas e importantes corporações. No circuito eleitoral, a eleição de um vereador – dizem – pode demandar um orçamento de seis a sete dígitos. E a participação em eleições presidenciais estaria orçada na faixa de oito a nove números!

 Enio Squeff definiu o traçado geral do nosso problema: “O mal-estar da sociedade brasileira é inegável: a distância entre o Legislativo, o Executivo, o Judiciário e a população é um espécie de fosso intransponível. Tudo se dá, pelo menos na aparência, como mega-conchavos em que, em nome da governabilidade, as mais importantes decisões, para o país, se fazem às escondidas. Afora isso, o que fica, é a constatação de Mark Twain, no século XIX, sobre o legislativo americano, da época: ‘Temos o melhor parlamento que o dinheiro pode comprar’.” (Carta Maior, 21/6/2013).

O fim do financiamento privado está em julgamento no STF. Quatro  ministros já votaram todos a favor.  Um deles, o ministro Luís Roberto Barroso, disse que “no sistema que nós temos, a derrama de dinheiro produz um impacto antidemocrático e antirrepublicano”. E agrega: “É possível [prescindir das doações diretas de empresas]. Ou é até possível desenhar um modelo em que a doação de empresas não tenha este impacto deletério sobre o princípio republicano e sobre a moralidade pública”. (Consultor Jurídico, 22.12.2013).

 Barroso “considera que vem desse tipo de financiamento ‘a centralidade que o dinheiro passou a desempenhar no modelo brasileiro’, que traz, como consequência, ‘o perigoso descolamento entre a classe política e a sociedade civil’. […]. ‘É possível argumentar ser legítimo uma empresa financiar partidos e candidatos que representem sua visão de mundo e seus interesses legítimos. Na prática, porém, o que se vê são empresas contribuindo para todos os que tenham alguma chance de ganhar, ou de ocupar espaço político, por medo ou em busca de favores futuros’. […]”. (O Globo, 27/12/13).

 Os brasileiros reclamam de seus políticos e exigem transformações imediatas, mas parece que elas serão feitas homeopaticamente e somente um impulso do movimento de massas poderia acelerar o ritmo do processo. Apostemos nossas fichas em 2014…

 

Créditos de imagem: pt.wikipedia.org 

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