Em Conjuntura Internacional, Destaques

(Entrevista com Noam Chomsky)

Por Abby Martin

Durante o longo ano que nos separa de 8 de novembro de 2016, as eleições dos Estados Unidos serão, em todo o mundo, um foco central nos noticiários. Há dois motivos. Desde o fim da II Guerra, Washington procurou apresentar-se como a nação democrática essencial, aquela onde a ideia do célebre de Abraham Lincoln – um governo “do povo, pelo povo, para o povo” jamais cederia, podendo, espalhar-se pelo mundo… A segunda razão é negativa. Os EUA sentem-se, desde os fracassos nas guerras contra o Afeganistão e o Iraque, acossados. Há semanas, a Rússia voltou a ter presença geopolítica destacada no Oriente Médio. Do ponto de vista financeiro, a China, principal credor do Tesouro norte-americano, parece disposta a ameaçar a hegemonia global do dólar. Como reagirá a nação que é, ainda, a mais poderosa do planeta?

Na entrevista a seguir, o filósofo e linguista Noam Chomsky mostra que a curiosidade em torno das eleições norte-americanas segue válida – mas as questões deveriam ser outras. A velha democracia de Lincoln esvaziou-se. Nenhuma das questões que afetam o futuro da sociedade dos EUA estará em pauta no debate. Um sistema político fossilizado, e sequestrado pelas grandes corporações que financiam as campanhas eleitorais, encarrega-se de evitar que cheguem aos eleitores o que realmente importa. Estabelecer uma tributação mais justa, criar um sistema público de Saúde – nada disso será debatido no próximo ano, porque não interessa ao poder econômico, e o oligopólio de mídia é um cão de guarda eficiente… Na entrevista, Chomsky revela como as chances de uma discussão cidadã profunda são substituídas pela mobilização do medo, inclusive o que move parte da população que “teme ir a uma lanchonete desarmada” …

Resta a geopolítica. O debate sobre os atos de Washington que aterrorizam o mundo – o programa absolutamente desumano e ilegal de assassinato de suspeitos, por drones, em países como o Paquistão e o Iêmen, por exemplo – também estará ausente. Nenhum candidato ousa atacar tais projetos.

Mas ao menos, sugere Chomsky, os EUA estão perdendo parte da capacidade de fazer mal ao mundo. O próprio esvaziamento de seu sistema político, antes vibrante, reduz a capacidade do país para manter-se coeso e poderoso. A suposta democracia norte-americana reduziu-se a “uma plutocracia, onde uma fração do 1% mais rico é quem decide”.

As eleições marcadas para daqui a um ano selarão este declínio? Ainda é impossível saber, mas a entrevista de Chomsky – concedida à jornalista Abby Martin, da Telesur e publicada a seguir – fornece pistas instigantes. (A.M.)

Leia a integra da entrevista: http://bit.ly/1SjVztU

Outras Palavras: 02/11/2015.

Abby Martin. Jornalista. | Tradução: Inês Castilho


Imagem: iStock/Thinkstock

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