Em Conjuntura Internacional, Destaques

Por Nilson Lage

Para quem acompanha a evolução do quadro geopolítico, não há dúvida: aproxima-se um impasse igual, ou pior, do que a crise dos mísseis de 1962, que antecedeu, entre outras coisas trágicas, o golpe de 1964 no Brasil.
Há quem acredite que uma solução militar seria, agora, catástrofe menos catastrófica do que a futura rebelião global de massas cujas características se prenunciam no estilo do califado islâmico – expressão radical de desespero que, projetado no universo simbólico, contagia jovens, mesmo em países que imaginamos prósperos e felizes.

Hillary é a nova cara do império; disfarça melhor do que Thatcher, tem mais finura do que Reagan ou os Bush, mas seu projeto é o que impulsiona a elite financeira global: o domínio da Terra, garantida a excepcionalidade dos Estados Unidos.
No mundo que eles projetam, o comando de tudo no planeta será exercido em nome de uma fração mínima de pessoas representada na gestão das finanças mundiais. A malha de acordos – transpacífico, transatlântico, de serviços – manterá a coesão do sistema, subjugada a Rússia, cooptadas as grandes nações orientais, à maneira do Japão.

Com os atuais estados nacionais limitados a coletar impostos, dirimir pequenos conflitos e patrocinar equipes em disputas desportivas, a Justiça reinventará as leis conforme a necessidade e as forças armadas destruirão o que for necessário para permitir que a reconstrução seja lucrativa.

Na Lava-Jato temos a mostra do que será essa Justiça prêt-à-porter; na deposição de Dilma, a evidência do quanto o controle da informação consegue, em nome de uma causa moral e através de mecanismos sofisticados, fazer agachar-se um país grande e rico como o Brasil.

FB do Autor: 24/04/2016.

Nilson Lage. Jornalista. Doutor em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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