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Temer sabia que tinha problemas.

Os demais usurpadores, seus sócios no assalto à cadeira presidencial, precisavam ser contemplados com ministérios, para também terem poder e imunidades ante o Judiciário.

E Temer não tinha dúvidas que ficaria com o rabo exposto, se confirmasse Geddel, Padilha, Moreira e Jucá no núcleo duro da gestão federal.

Sabia, mas não conseguiu contornar.  Pouco antes de apossar-se da Presidência, Temer fez a tentativa final para se livrar de Romero. Reuniu-se com ele, mas o senador insistiu em ser nomeado para o Ministério do Planejamento.

Antes de completar-se uma quinze da usurpação, aconteceu a primeira de muitas outras crises que deverão vitimar próceres do PMDB.

Romero Jucá foi alvejado por um de seus correligionários do PMDB — Sérgio Machado — que já foi senador, que hoje não tem mandato parlamentar e que ficou fora do ministério da usurpação. Portanto, sem ter acesso ao foro privilegiado, ele ficou exposto à sanha do juiz Sergio Moro e optou pela delação premiada (que teria acontecido no último sábado, dia 21).

Para a imprensa já vazaram duas gravações com diálogos dele com os senadores Jucá e Renan Calheiros.

No início de maio, publicamos neste espaço o artigo Me dá um ministério aí! Nele seu autor foi muito além da mera e superficial especulação, quando afirmou com todas as letras que por trás da decisão parlamentar (corroborada pela Mídia Corporativa e  pela Justiça), de escorraçar com a presidente Dilma Rousseff do comando da Nação havia interesses escusos.

Colocou o dedo na ferida ao afirmar categoricamente: Temer considera ser preciso nomear “para a Advocacia Geral da União alguém que controle a Lava Jato. Afinal, é preciso salvar o aliado Eduardo Cunha”.

Os áudios Jucá-Machado divulgados no início desta semana pelo jornal FSP confirmam o acerto em prognosticar que as “pedaladas fiscais” não passavam de mero pretexto para ”justificar” o processo de impeachment de Dilma, posto que o que se buscava era arrancar do poder por meios ilegítimos uma Presidente, cuja continuidade do mandato constituía uma garantia segura para a luta contra a corrupção na máquina pública, nela incluída a livre atuação da operação Lava-Jato.


Imagem: EVARISTO SA AFP

 

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