Em Destaques, Sem papas na língua

O leilão do lote do Pré-Sal denominado Libra, rendeu ao país R$ 15 bilhões. Oficialmente esse campo tem uma perspectiva de reserva de 8 bilhões de barris de petróleo. Especulações otimistas falam em 12 e, por vezes, até 15 bilhões de barris. Portanto, estamos falando em uma venda entre US$0.5 e US$1.00 o barril. Enquanto isto, estimativas de preços do óleo cru para a década de 20, quando estaria, talvez, em plena produção o campo de Libra, são sempre de um valor acima de US$100.00, embora haja uma esperança de que com o início de produção de combustíveis provenientes das imensas reservas de xisto e de areias betuminosas no continente norte-americano, os preços do barril de óleo possam ser mantidos um pouco abaixo dos referidos US$100.00.

A única interpretação possível para esta imensa diferença de preços entre o petróleo in sito (antes da extração) e o extraído, é o grau de incerteza, seja ele devido à imaturidade da tecnologia específica ou da própria avaliação da quantidade do combustível contido no campo de Libra. Em conformidade com esta interpretação está o desinteresse das grandes multinacionais do setor que sequer se inscreveram no leilão. Atribuir essa desistência ao modelo proposto pelo governo brasileiro, ou a opções alternativas e tão arriscadas como o pré-sal, tais como as mencionadas reservas de xisto e areias betuminosas, é fruto da ignorância quanto à voracidade histórica dessas empresas em relação ao Petróleo. De fato, a única razão para o explícito desinteresse é o risco financeiro inerente à essa opção, ou seja, a dúvidas quanto às dimensões e acessibilidade dessas reservas.

Rogério Cerqueira Leite, Físico

Créditos da imagem: netmarinha.uol.com.br

Facebooktwitter