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(Entrevista especial com o economista André Tosi Furtado)

Por Patricia Fachin

Apesar de o Brasil ter uma matriz energética diversificada, o planejamento energético no país “é muito setorial”, ou seja, “não existe um planejamento integrado, principalmente entre a oferta e a demanda”, pontua André Tosi Furtado na entrevista a seguir, concedida à IHU On-Line por telefone.

Segundo ele, desde os anos 1970 o Brasil vem enfrentando crises energéticas que estão relacionadas às oscilações da economia nacional e internacional, com a redução e elevação do preço do petróleo.

Contudo, frisa, as políticas de subsidiar e de segurar o preço das tarifas, adotadas a partir de 2008, foram “contraproducentes no sentido de frear as transformações que devem ocorrer na matriz energética brasileira. Esse tipo de política também acaba freando a eficiência energética, que é outro elemento importante nessa equação para que seja possível atender a demanda da sociedade”.

Entre as dificuldades para avançar em termos de eficiência energética, Furtado explica que, embora exista a Empresa de Pesquisa Energética, que presta serviços na área de pesquisas para subsidiar o planejamento do setor energético no Brasil, não se realiza de fato “um planejamento, e as decisões mais importantes são tomadas por outras esferas. Por exemplo, a decisão do governo de segurar o preço dos derivados do petróleo, principalmente da gasolina e do diesel, são decisões feitas fora da alçada do planejamento energético, ou seja, são feitas pelo Ministério da Fazenda. Isso também é muito prejudicial”.

Na avaliação do professor do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Unicamp, é preciso “ter um planejamento mais realista do país, tentar entender as nossas limitações e não subsidiar a demanda, porque isso prejudica a oferta de energia. Além disso, é preciso ter consciência dos problemas que o país está enfrentando. Pouco se fala na questão da escassez hídrica, apesar de hoje estar ocorrendo uma escassez hídrica que compromete uma fonte importante de energia, que é a hidroeletricidade. A falta de chuvas também comprometeu o desempenho da cana-de-açúcar e do etanol. Diante desse contexto mais adverso da natureza, precisamos ter políticas que levem em consideração a adaptação, ou seja, precisamos nos adaptar às mudanças climáticas. Teremos que viver em uma sociedade menos perdulária, que desperdiça menos energia, e essencialmente temos de levar os impactos das mudanças climáticas em consideração nos custos da oferta de energia, que não será tão barata no futuro”. 

André Tosi Furtado concluiu o doutorado em Ciências Econômicas (Université de Paris I). Atualmente é Professor Titular do Departamento de Política Científica e Tecnológica do Instituto de Geociências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Leia a entrevista integral aqui: http://bit.ly/1Mj164U

IHU On-Line: 22/10/2015.

Patricia Fachin. Jornalista.


Imagem: ieee-bv.org

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