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No segundo mandato, a presidente Dilma Rousseff deverá fazer uma inflexão à esquerda. A presidente reconhece que o PSOL teve um papel importante na sua reeleição, devido ao apoio de alguns políticos de expressão do partido, como o deputado estadual Marcelo Freixo e o deputado federal Jean Wyllys, ambos do Rio.

Na entrevista ao SBT, gravada ontem no Palácio da Alvorada, a presidente disse que vai dar suporte ao projeto que criminaliza a homofobia, num sinal de mudança de atitude em relação ao primeiro mandato.

Ao admitir realizar uma reforma política por meio de um referendo e não somente via plebiscito, Dilma tenta driblar resistências no Congresso e deixar de pé um tema que, segundo ela, foi cobrado pela juventude em seus atos de campanha.

Há resistências ao plebiscito no Congresso, tanto na oposição quanto na base de apoio governista, sobretudo no PMDB. A presidente disse que o importante é que seja feita uma consulta popular para aprovar a reforma política, não importa se via plebiscito ou referendo.  O plebiscito é uma consulta que se faz antes de o Congresso votar a reforma. O eleitor escolhe temas que deseja ver regulamentados. O referendo é um endosso ou uma reprovação do eleitor a um projeto já votado pelo Congresso. É mais fácil politicamente fazer o referendo.

No plebiscito, a briga já começa na hora de compor a lista dos tópicos que serão aprovados ou descartados pelo eleitor. No referendo, o Congresso faz a sua proposta, e o eleitor decide o que vai valer.

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A primeira derrota pós-reeleição na Câmara anuncia tempos difíceis na política para Dilma, porque foi apenas uma primeira mensagem da base de apoio da presidente. É verdade que o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), foi o maior articulador da derrubada do decreto que vinculava decisões de interesse social a conselhos populares de órgãos federais. O presidente da Câmara tem o poder de colocar os assuntos em pauta. E fez isso ontem para se vingar da derrota que sofreu ao disputar o governo do Rio Grande Norte contra Robinson Faria, do PSD.

O ex-presidente Lula apoiou Robinson, gravando mensagem eleitoral para o adversário de Henrique Alves. Lula agiu assim porque, nos bastidores, o peemedebista teria abandonado a candidatura de Dilma e apoiado o senador Aécio Neves (PSDB), o que ele nega. Para complicar para a presidente, há um racha no PMDB de Henrique Alves.

Uma ala peemedebista contesta Dilma. Essa derrota de ontem é apenas o começo do que pode ser um calvário para o governo na Câmara. Há outros projetos com forte impacto fiscal que estão aguardando votação. Portanto, é importante a presidente recuperar o controle da sua base de apoio rapidamente. Do contrário, essa turbulência política poderá contaminar a economia, que já tem os problemas, sobretudo por aguardar com ansiedade o nome do novo ministro da Fazenda. A derrota na Câmara é um alerta.

Publicado no jornal Folha de São Paulo: http://bit.ly/13jAIT

 Ouça o comentário no “Jornal da CBN”: http://glo.bo/1yJlEJ0

 

Por Kennedy Alencar, jornalista.


Créditos de imagem: noticias.band.uol.com.br

 

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