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O eleitorado que apoia a reeleição Dilma Rousseff continua limitado pelos três fatores que os analistas têm apontado, à exaustão: o elevado índice de rejeição à candidata, a alta taxa de desaprovação do governo federal e o majoritário desejo de mudanças reiteradamente expresso nas pesquisas de intenção de voto.

Estes foram os óbices principais à reeleição da Presidente durante o primeiro turno e teoricamente poderão ampliar as dificuldades do returno. Segundo especialistas, muitos processos de segundo turno de eleições assumem característica de plebiscito; é quando o peso da rejeição às candidaturas amplia-se muito.

Cento e quinze milhões de brasileiros compareceram às urnas, em 5/10/2014. E cerca de 2/3 deles optaram por Dilma Rousseff (43 milhões de eleitores) ou por Aécio Neves (35 milhões). O imenso contingente restante (37 milhões de votantes) optou pelos demais nove candidatos à Presidência da República, ou então pelo voto nulo ou em branco.

É para este segmento, que significa 1/3 do eleitorado, que o segundo turno assume o formato de plebiscito, numa escolha binária entre renovar por mais quatro anos o governo de Dilma ou sufragar a oposição em nome do veto à continuidade do PT no Palácio do Planalto.

Diante deste quadro de polarização político-eleitoral, Aécio Neves foi tentando impor-se na ribalta, desde seis de Outubro. Conseguiu o apoio direto de cinco legendas partidárias (PSB, PV, PSC, PSDC e PPS); o apoio indireto de parte da Rede Sustentabilidade; o apoio de quatro ex-candidatos à Presidência (Marina Silva, Eduardo Jorge, Everaldo Dias e José Maria Eymael); o apoio do candidato peemedebista que disputa o governo gaúcho contra o PT; e o apoio de um líder religioso (Silas Malafaia). Para Dilma — de significativo — restou o respaldo direto dos socialistas de três seções estaduais (Paraíba, Amapá e Bahia); o apoio de personalidades políticas (como, por exemplo, os Deputados Federais eleitos pelo PSOL e o do derrotado presidente do PSB, Roberto Amaral) e o apoio indireto do PSOL.

Para finalizar o quadro dramático deste reinício da peleja presidencial, é preciso dizer que a candidatura à reeleição atravessou a primeira semana do returno na defensiva, bombardeada intensamente pela mídia e por denúncias diversas oriundas do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal.

As primeiras enquetes de opinião registraram as dificuldades que Dilma Rousseff precisa superar para obter um novo mandato: a onda que conduziu Aécio Neves ao segundo turno continuou ascendente e as pesquisas de dois institutos de pesquisas (Ibope e Datafolha) sinalizaram — pela primeira vez — um empate técnico entre os dois contendores, com ligeira vantagem (51% a 49%) para o tucano, em número de votos válidos, enquanto na pesquisa Vox Populi a vantagem é de Dilma pela mesma diferença (51% a 49%).

Também foram divulgadas na primeira semana de campanha do returno outras três pesquisas eleitorais. Elas apresentavam resultados ultra-favoráveis para Aécio Neves e foram realizadas por empresas de menor expressão do setor a Paraná Pesquisas, 54% x 46%; o Instituto Veritá, 54,8% x 45,2%; e a Sensus, 59% x 41%. Tais divergências com relação aos números dos institutos Ibope , Datafolha e Vox Populi reinseriram no debate eleitoral os temas da veracidade das pesquisas e de seu uso protagônico na campanha presidencial.

Considerando todos estes fatores adversos, por ora a campanha pela reeleição – para sair da defensiva – parece não ter outra alternativa estratégica a não ser concentrar-se na tarefa de aumentar a taxa de rejeição de seu adversário. E será principalmente na midiática propaganda eleitoral — que voltou às rádios e TV’s na última quinta-feira, dia 9 — que acompanharemos muitas destas batalhas.

Enquanto a campanha eleitoral desenvolve-se em nível de pouca politização, a especulação financeira nos mercados de ações e de cambio envolve bilhões de reais diariamente, como uma roleta onde os números importantes são os das pesquisas de eleitorais.

Na questão econômica vale a pena destacar debate promovido por canal da TV fechada, onde Guido Mantega (atual ministro da Fazenda) e Armínio Fraga (homem forte da economia em eventual governo tucano) apresentaram a visão das duas coligações em disputa. No programa, apesar da superficialidade das discussões, ficou expressa a diferença entre os concorrentes; enquanto o ministro Mantega abordou o momento econômico  como reflexo da crise econômica internacional, iniciada em 2008, e indicando a continuidade da adoção de medidas anticíclicas, o economista Armínio argumentou que a crise internacional terminou, já em 2009, e que o quadro atual da economia brasileira é derivado apenas de problemas internos, não esclarecendo suficientemente as medidas necessárias à sua superação, ficando na superficialidade da velha proposta de reformas tributária e fiscal e crítica ao papel dos bancos públicos, em particular o BNDES.

Talvez os debates que começarão nesta semana esclareçam mais as propostas em disputa.


Créditos de imagem: agravo.blog.br

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