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“Nenhum espanto em relação aos xingamentos da torcida presente no Itaquerão à presidente da República. A origem de classe do público explica por si o comportamento. Quem é de São Paulo sabe muito bem como se comportam a classe média e as elites locais. Em 1989, vi multidão com o mesmo perfil comemorando a vitória de Collor na avenida Paulista”. (post do professor Luiz Carlos Villalta, no Facebook, após o jogo inaugural da Copa do Mundo 2014, em 12/6/2014).

Cinco convenções partidárias oficializaram candidaturas presidenciais: o PSDB confirmou Aécio Neves (que, segundo a recente enquete IstoÉ/Sensus, teria 21,5% de intenção de voto), mas adiou o anúncio da candidatura à Vice-Presidência, apostando na ampliação das alianças eleitorais (que ainda negocia com o PSB e o PSD). O PSC lançou o Pastor Everaldo (2,3%). O PSTU reiterou mais uma vez a indicação de José Maria (1,9%). O Partido Verde desta vez ficou com Eduardo Jorge (0,4%). E o PRTB sancionou novamente a candidatura de Levy Fidelix (0,2%).

A candidatura de Dilma Rousseff (com 32,2% de intenção de voto, na pesquisa IstoÉ/Sensus de Junho) enfrenta dificuldades no plano nacional. Mesmo assim, a postulação reeleitoral vai se mantendo à tona, tentando contornar conhecidos obstáculos – as ‘ viúvas’ de Lula, as chantagens da base aliada, a rejeição de parte significativa do empresariado e da classe média, a insatisfação da opinião pública, a radicalização política.

É no estado de São Paulo que Dilma Rousseff poderá sofrer uma estratégica derrota politico-eleitoral. É o que indica a mais recente pesquisa divulgada pelo instituto Datafolha (realizada entre 3 e 5 de junho, com cerca de 2 mil entrevista em SP).

Destacando alguns números da enquete do Datafolha, numa comparação entre os dados de São Paulo e os do Brasil, verificamos existir sérias implicações negativas para a pretensão eleitoral da Presidente da República:

Quadro — Datafolha, junho/2014: cotejando os dados de SP versus Brasil

Em São Paulo temos: (1) BRASIL (2) SÃO PAULO (2/1)
Maior Pessimismo — crêem que:
• a inflação vai subir 64% (1,00) 69% (1,08)
• o desemprego vai aumentar 48% (1,00) 52% (1,08)
• o poder de compra vai cair 38% (1,00) 48% (1,26)
Menor Aprovação do Governo Dilma 36% (1,00) 23% (0,64)
Menor Intenção de Voto em Dilma 34% (1,00) 23% (0,68)
Maior Taxa de Rejeição de Dilma 32% (1,00) 46% (1,44)
Menor Poder de Influência de Lula 36% (1,00) 24% (0,67)
Mais votos Brancos, Nulos e Indecisos 30% (1,00) 37% (1,23)

• Folha de S.Paulo/10.6.14; O Estado de S.Paulo e Correio Braziliense (11/6/14)

Duas considerações poderiam ser apresentadas, a respeito da questão:

Primeira — O baixo prestígio de gestões administrativas petistas é fator importante a  impulsionar as tendências negativas: Fernando Haddad, o prefeito de São Paulo, “não conseguiu bom desempenho como gestor e amarga baixos índices de aprovação. Ou seja, é um péssimo cabo eleitoral para Dilma Rousseff. Deixou de ser também um trampolim para o ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, o candidato do PT ao Palácio dos Bandeirantes, que ainda não conseguiu decolar e permanece com apenas 3% dos votos. Lula acreditava que ele repetiria a performance de Haddad, quando nada porque o patamar de votos petistas estimado pelos analistas seria de 30%” (Correio Braziliense, 11/6/2014); e,

Segunda — A força do voto conservador paulista é tradição da política regional. Desde o final do Estado Novo, a política estadual foi fortemente orientada por lideranças deste campo ideológico (com raros interregnos). Por exemplo, gente como Adhemar de Barros, Lucas Nogueira Garcez, Jânio Quadros, Carlos Alberto Carvalho Pinto, Roberto de Abreu Sodré, Laudo Natel, Paulo Egídio Martins, Paulo Maluf, Orestes Quercia, Luiz Antonio Fleury Filho e Geraldo Alkimin.

A conclusão mais óbvia recomendaria considerar como restritas as possibilidades de reversão do quadro paulista. Assim, a batalha pela reeleição precisará compensar os previsíveis prejuízos eleitorais em São Paulo com um maior esforço naqueles redutos geográficos e sociais que se apresentam como os mais permeáveis ao discurso do governo.

Esse quadro eleitoral ocorre dentro de um cenário econômico que não confirmou as previsões mais pessimistas, mas a manutenção desse equilíbrio instável (como dizem os economistas) com tímida taxa de crescimento da economia e a persistência da inflação, sobretudo nos alimentos, mesmo com desemprego baixo, não ajuda na superação desse mau humor das camadas médias da população bombardeadas diariamente pela imprensa conservadora que destaca negativamente qualquer fato, mesmo que irrelevante, sempre a dano do governo.

E salve-nos a Seleção!

Crédito de imagem: redebrasilatual.com.br

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