Com o diabo no corpo, desde a reabertura da sessão legislativa de 2014, o PMDB tem sobrecarregado a tarefa de articulação comandada pelo Palácio do Planalto.
A liberação de recursos para as emendas orçamentárias dos parlamentares, a ampliação (de cinco para seis) da cota de ministérios sob gestão peemedebista e maiores concessões – do PT e do governo – nas negociações das alianças regionais estruturadas em torno da reeleição da presidente Dilma. Esta é a agenda do partido.
Comandados pelos deputados Henrique Eduardo Alves (presidente da Câmara dos Deputados) e Eduardo Cunha (líder da legenda na Câmara dos Deputados), os parlamentares do PMDB fomentaram a organização de um bloco composto por oito partidos políticos – o ‘Blocão’ – e com esta novidade pretendem criar inúmeras dificuldades para o governo, certamente querendo vender posteriores facilidades…
‘The Economist’ e ‘Financial Times’, feito bactérias oportunistas, também querem aproveitar este momento crítico da gestão Dilma, que vive sob intenso bombardeio no noticiário político e econômico. E pediram a cabeça do ministro Guido Mantega, embora muitos suspeitem que Dilma Rousseff seja quem verdadeiramente define as macro-diretrizes da política econômica.
Ao menos até aqui, a presidente vem resistindo às chantagens internas e às pressões externas de segmentos da elite que almejam influir de forma decisiva na reforma ministerial em curso. Ainda nada concedeu aos deputados da base aliada e parece firme na sustentação de sua equipe econômica.
E uma notícia, divulgada na quinta feira pré-carnavalesca, serviu para diminuir a pressão sobre os governistas: o IBGE publicou os números do Produto Interno Bruto (PIB) em 2013, apontando um crescimento de 2,3%. Esse resultado surpreendeu a sociedade, pois assistimos, ao longo dos últimos meses, uma quase unanimidade entre os analistas, com acesso à mídia, sobre a grande possibilidade de o País entrar em recessão técnica.
Com este resultado, a perplexidade instalou-se na oposição incrédula, enquanto as autoridades econômicas sinalizavam grande alívio.
Abstraindo as manifestações políticas, próprias de período pré-eleitoral, deve-se comemorar que o País não está em recessão, mas não festejar um crescimento baixo (média de 2% ao ano desde 2011) com projeções de taxa menor para 2014.
Quanto às discussões sobre a condução da política econômica para o futuro governo (2015/2018), está em formação um certo consenso entre as forças em disputa, indicando um ajuste ortodoxo, nos moldes e interesses do mercado financeiro, baseado em preceitos de austeridade e corte de gastos que levam sempre a contrações do nível de atividade econômica, quando então as previsões pessimistas poderão ser confirmadas.
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