Em Artes, Destaques
Viva a decadência da Indústria Iraniana do Tapete
Tabriz, Irã, adquirido em 1980, 176x92

A indústria do tapete do Oriente Médio recorre a dois modos de produção bastante diversos. O primeiro, denominado Tribal, tem como principal característica o fato de que o desenho e a produção são executados pelo mesmo indivíduo, o tecelão. A produção Tribal no passado e, em parte ainda hoje, é realizada por grupos nómades, e consequentemente usam teares simples e individuais. As denominações de cidades são usadas para agrupamentos de aldeias com certa unidade de estilo e que se valem de artistas que fornecem o desenho sendo o tecelão reduzido à condição de um mero operário manual. Um tapete Tabriz, por exemplo, terá sido produzido em um dos 30 ou 40 atelieres situados em torno da cidade de Tabriz e aí comercializado.

Até meados do século XX um tapete Persa (Iraniano) portava uma elevada qualidade artística e a partir de então foi descendo até chegar ao baixo nível de qualidade que é hoje ostentado, tanto nos tribais como nas principais denominações. Ouso dizer que não há, a partir de 1980, tapete oriental produzido, seja no Irã, seja na Turquia, seja no Cáucaso ou qualquer outra região do Oriente, que possa ser considerado uma obra de arte, como acontecia até a primeira metade do século XX.

Viva a decadência da Indústria Iraniana do Tapete
Kashan (Kazan), Irã, 1980, 178x108

Uma das razões é, certamente, a produção de cópias baratas e de baixa qualidade no Paquistão e na Índia, que infestaram o mercado internacional, fazendo com que muitas das produções tradicionais tivessem que, para sobreviver, abaixar drasticamente a qualidade. Tradições iranianas antigas, tais como Esfahan, Tabriz, Kashan, Kerman, Heriz, todas sofreram essa degradação, embora alguns poucos atelieres procurem ainda hoje manter certo grau de qualidade. Ainda mais decadentes são as produções de centros mais recentes que brilharam até meados do século XX, tais como Nain e Goun. A história não é muito diferente com tapetes tribais, hoje quase todos produzidos por populações sedentárias, tanto no Irã como nos países vizinhos. Além do mais, uma grande leva de cópias forjadas, por vezes com datas falsas, invadiu o mercado. Qualquer tapete recente Kashgai ou Kasak é duvidoso. Todavia, a principal razão para a decadência da tapeçaria oriental é o progresso social. O trabalho no tear manual exige horas para produzir centímetros. Um tapete complexo com digamos 100 nós por centímetro quadrado, de porte médio, digamos 3 m x 2 m de área e dez cores leva por vezes mais que um ano para sua confecção. Com isso, a remuneração do artista e do tecelão resulta muito baixa. Na Turquia ainda são produzidos em Hereque, em Kayseri, etc. tapetes de qualidade técnica elevada, usando-se jovens meninas na puberdade, enquanto seus olhos não são danificados e seus dedos suficientemente finos. Mas é claro que esta condição só subsistirá enquanto houver desemprego e subdesenvolvimento. Esses tapetes em seda são bastante caros e pouco imaginativos. Com frequência copiam motivos iranianos antigos. Felizmente, ainda há uma grande escolha de tapetes com mais de 50 anos em antiquários das grandes cidades brasileiras. E é certamente melhor adquirir um tapete antigo esteticamente aceitável, mesmo que pisados aqui e ali, do que essas monstruosidades que são ofertadas na televisão. Abaixo uma galeria de imagens constituída de 41 tapetes representativas da coleção particular do autor, com a especificação do país de origem, data de tecelagem e/ou aquisição e medidas.

Créditos de imagem de destaque: tapete-company.com

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