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Desde longa data, mesmo nos “países em desenvolvimento”, os capitalistas renunciaram ao simples “aumento da composição orgânica do capital”, à hipótese de um mercado nacional como “reserva própria”, e se deram por contentes com as migalhas que lhes concedem seus “irmãos” das metrópoles, por via da divisão internacional do trabalho.

Como diria Lênin, também esta “tarefa” da “revolução democrática” foi passada pela burguesia tardia para a luta política dos trabalhadores. Como estes não parecem muito interessados na “luta política”, pelo menos aquela que conduza a uma outra situação socioeconômica, resta-nos, – como diria Rosa Luxemburgo -, contar com produtos inferiores, que contenham cada vez menos trabalho vivo e apresentem como “prêmio” preços relativos sempre mais elevados.

Assegurado o lucro excedente dos monopólios, vemos essa “joia” do imperialismo “garfar” para si o mundo político, dele expulsando todas as demais camadas sociais. Uma das maravilhas resultantes é ter que se assistir de novo um “horário eleitoral”, onde figuras abjetas a serviço do grande capital fazem ginástica para se mostrarem mais flexíveis e subservientes do que outras, igualmente competidoras ao poder… de servir aos oligopolistas.

eureka

Com o ímpeto da “era eletrônica”, enquanto você dirige extenuado para casa, num trânsito engarrafado, seu “patrão” lhe passa novas tarefas via celular, que você – superexplorado – deverá realizar à noite, depois de tomar a sopinha… dietética. Sim, existe um mundo pior, que é o inferno.

Ou seja, o mundo que os capitalistas irão inventar para a próxima geração. Enquanto isso, o grandão da FIFA é solto e os professores das manifestações – sem explosivos! – ficam presos na “tranca dura”. Espero que você tenha aprendido a lição. Em 14 de julho, o populacho francês tomou a Bastilha. Ele não se limitou a parar na porta, como nas “jornadas de junho”…

Os capitalistas não querem investir. E o governo dos capitalistas não quer exercer a tão propalada “independência relativa do Estado”, aumentando a “composição orgânica do capital” no lugar deles. Nada de expansão da “formação de capital bruto fixo”. Conviremos todos que, por um breve momento, pareceu que o BACEN ia mudar a sua política, quase sempre aliada do capital especulativo, e servir à burguesia “como um todo”. Baixou a taxa de juro, que por aqui nesses trópicos desde sempre vem sendo utilizada como sendo o único instrumento capaz de produzir estabilidade macroeconômica. No entanto, depois de levar uma “bronca” do mercado financeiro, correu de volta para taxa de remuneração de dois dígitos em favor dos especuladores… Adeus “independência”…

charge-inflação

Deixando tal caipirice escocesa de lado, a ousadia de tentar governar para maioria dos brasileiros não durou muito e se preferiu o “incentivo” (pico na veia) para a fracassada indústria automobilística local. O “sistema” de “metas da inflação” está aí a trabalhar a todo vapor para arrasar a produtividade local e ajudar a colocar no exterior eventuais ganhos da atividade econômica. O excesso de valorização cambial ainda anda por 10%  a 12%, o que significa ser o câmbio local, todavia utilizado como “âncora” da inflação. A política do BACEN é, portanto, coadjuvante da baixa formação de capital fixo. Ninguém toma dinheiro emprestado para perdê-lo, e a remuneração produtiva tem que ser maior que aquela especulativa. Diante da política brutal de endividamento, os poucos tostões do governo deveriam desenhar um papel indicativo para formação de capital bruto fixo.

Na ficção ainda mantida do “superavit primário” (só sabe quem lê), a tabelinha entre o BACEN e o Tesouro Nacional vem quebrando recordes de firulas, mas – como o ataque do Filipão – não sabe fazer gols. Vou parar por aqui: observo que já tinha dito a mesma coisa há três anos. Vocês mesmos troquem esta gravação. Cadê o draw back verde amarelo? Foi-se embora com a Taça?


Créditos de imagem: satiro-hupper.blogspot.comjornalmudardevida.netlimiaretransformacao.blogspot.com

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