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Marina Silva predominou na cena política, nesta semana. Ocupou-se na consolidação da própria candidatura no interior da coligação partidária que fora dirigida por Eduardo Campos. A chapa Marina Silva/Beto Albuquerque só foi registrada no final da semana que passou na sexta-feira (22).

Enquanto nenhuma nova pesquisa de opinião eleitoral era oficialmente divulgada, os boatos preencheram o vazio e mobilizaram as especulações no mercado financeiro.

[A] A pesquisa Ibope, que foi divulgada ontem (26/8/14), registrou os seguintes números:

 

Marina Silva

— 29% de intenções de voto na pesquisa estimulada. Ela tem 20 pontos percentuais (p.p.) acima das intenções de voto registradas por Eduardo Campos na enquete anterior do Ibope (de onde vieram estes votos? Dilma perdeu 4 p.p., Aécio 4 p.p., Everaldo 2 p.p. e 9 p.p. saíram do estoque de eleitores que não tinham candidato, na pesquisa anterior);

— Na pesquisa espontânea, 18%;

— A taxa de rejeição é de 10%;

— Venceria no 2º. Turno por 45% a 36% (para Dilma). Marina cresce 16 p.p. entre o 1º e o 2º turno (oito vezes mais do que o crescimento de Dilma!!!).

 

Dilma Rousseff

— 34% de intenções de voto na pesquisa estimulada. Ela perdeu 4 pontos percentuais, em relação à enquete anterior do Ibope;

— Na pesquisa espontânea, 27%;

— A taxa de rejeição é de 36%;

— A pesquisa de avaliação do governo Dilma melhorou 2 p.p., dentro da margem de erro; foi o seguinte o resultado:

  • Ótimo/bom: 34%;
  • Regular: 36%;
  • Ruim/péssimo: 27%;
  • Não sabe: 2%.

— Perderia para Marina no 2º. turno, por 45% a 36%. Contra Marina, o teto eleitoral de Dilma é muito baixo e ela só cresceria 2 p.p.. [venceria Aécio, por 41% a 33%, aqui crescendo sete p.p. em relação ao 1o. turno].

 

Aécio Neves

— 19% de intenções de voto na pesquisa estimulada. Perdeu 4 pontos percentuais, em relação à enquete anterior do Ibope;

— Na pesquisa espontânea, 12%;

— A taxa de rejeição é de 18%;

— Perderia para Dilma no 2o. turno, por 41% a 33%.

Dilma tenderia à estabilização dentro da faixa de 1/3 das intenções de voto. Marina estaria em processo de crescimento, iniciado com a incorporação de setores do eleitorado que até aqui não tinham optado por nenhum dos candidatos; agora, estaria avançando sobre o estoque de votos dos seus adversários. Aécio é o postulante presidencial mais prejudicado pela expansão de Marina.

Outras duas pesquisas serão divulgadas nesta semana: dos institutos MDA e Datafolha.

E Marina Silva poderá beneficiar-se da superexposição que terá na TV, no debate entre presidenciáveis — realizado na terça-feira (26/08) — e da entrevista de 15 minutos que faria no ‘Jornal Nacional’, da TV Globo.

 

[B] O que dizem os candidatos nos comícios e nas mídias? Com a intensificação do processo eleitoral, é possível identificar os temas predominantes nos discursos dos três principais presidenciáveis:

Dilma: mais do mesmo

Quem está no governo faz balanço de resultados e presta contas, rebate diagnósticos críticos e propõe continuidades e aprimoramentos. Súmula do discurso de Dilma Rousseff: A defesa da reeleição centra-se na apresentação do conjunto da obra de governo, com ênfase nos avanços registrados nas três gestões petistas. E preconiza o aprofundamento e a melhoria dos atuais programas:

(1) Neste quadriênio de governo, enfrentaram-se as consequências da crise econômica internacional (iniciada em 2008) sem desempregar e com a geração de emprego e renda, sem arrochar salários, sem aumentar tributos (inclusive com a desoneração da folha de pagamento de salários das empresas).

(2) Uma das prioridades foi dar continuidade aos avanços sociais da gestão Lula, preparando o Brasil para um novo ciclo de crescimento. Com o programa de obras de infraestrutura — realizado nos setores de transportes, hídrico e de energia — foram criadas as condições para o país dar um salto, que vai fazer um Brasil moderno, mais inclusivo, produtivo e competitivo, com mais oportunidades para todos, garantindo que mais pessoas se transformem em brasileiros de classe média (queremos ampliar a participação da classe média, “queremos continuar a ser um país de classe média”).

(3) Programas mais destacados na agenda da reeleição:

  • Bolsa—Família: beneficia 50 milhões de brasileiros (e o valor médio do benefício é de R$ 167). Promove a inclusão social, com reflexos em diversas outras áreas, como as melhorias nos índices de educação e saúde (a mortalidade infantil por desnutrição reduziu 58%). Dos beneficiários, 75% estão no mercado de trabalho;
  • Minha Casa, Minha Vida: investimentos de R$ 200 bilhões (1,5 milhão de moradias entregues em 5.300 municípios) beneficiando 6 milhões de pessoas e impulsionando o comércio e gerando empregos. Outras 1,7 milhão de unidades estão em construção;
  • Um dos focos da gestão foi a Educação, com destaque para o Pronatec (com 8 milhões de matrículas), o ProUni (que atendeu mais de 1,2 milhão de estudantes) e o Ciência sem Fronteiras (concedeu 83 mil bolsas para estudantes, que foram para 43 países);
  • Na Saúde, o Mais Médicos é a referência. O Programa, criado há um ano, contratou mais de 14 mil médicos, atendendo cerca de 45 milhões de pacientes.

(4) Para enfrentar as denúncias de malfeitos, o governo reitera que estruturou mecanismos de combate à corrupção: a Polícia Federal ganhou autonomia, a relação com o Ministério Público melhorou, foi criada a Controladoria-Geral da União, sancionada a Lei de Acesso à Informação e implantado o Portal da Transparência.

 

Aécio: o retorno transmutado em mudança

Quem está na oposição precisa apostar na esperança e na perspectiva de mudança.

Súmula do discurso de Aécio Neves:

(1) “Vamos ter uma política econômica estável, uma política econômica que respeite contratos, que fortaleça as agências reguladoras, que tenha transparência fiscal, para que os investimentos que deixaram o Brasil possam retornar ao Brasil”, disse o candidato. Iniciar um novo ciclo de desenvolvimento, que concilie ética com eficiência e com a coragem de implementar mudanças; um governo renovador no padrão ético, no padrão moral, que amplie as boas políticas que vai resgatar a capacidade de o Brasil crescer;

(2) Tomar as medidas necessárias para que o Brasil recupere a confiança perdida (e não mais afugente investimentos), retomando o ritmo de crescimento minimamente aceitável: controle da inflação, realinhamento de tarifas públicas, choque de gestão (redução de número de ministérios, redução de cargos comissionados, combater desperdícios), revisão da política externa, adotando uma visão mais pragmática e menos ideológica e investimentos em infraestrutura. Com previsibilidade, transparência, e sem plano mirabolante ou ‘pacote’;

(3) Manter e aprimorar esses programas sociais do governo atual : Bolsa Família, o ProUni, o Pronatec, o Mais Médicos e também a política de reajuste do salário mínimo.

E prometeu: “Vamos garantir o reajuste digno do salário mínimo, vamos corrigir a tabela do Imposto de Renda e resgatar o salário dos aposentados brasileiros”;

(4) “O candidato do PSDB reafirmou que vai manter e aperfeiçoar os programas sociais, principal bandeira das gestões petistas. ‘Eu não só vou continuar com o Bolsa Família — [‘que nasceu da fusão e do aprimoramento de programas criados pelo governo Fernando Henrique, como o Bolsa Escola’] — como vou aperfeiçoar para que outras carências [‘de saneamento, de educação, de segurança ‘] possam também ser sanadas’.

[“Todo mundo, de alguma forma, copia e aprimora”, ressaltou Aécio];

(5) “Saúde é prioridade para qualquer governo responsável e será no nosso”. É necessário corrigir, de maneira progressiva, a tabela de preços do SUS: “é algo possível e será feito no nosso governo”. “Essa é uma questão que precisa ser enfrentada. Vamos enfrentá-la com o aumento do financiamento que vai vir a partir de proposta que está sendo votada no Senado Federal”. Quanto ao programa Mais Médicos, defende a revisão do acordo firmado com o governo cubano (para garantir “isonomia salarial”).

 

Marina: a 3ª via pede passagem

Os insatisfeitos com o status quo querem o fim da polarização vigente há duas décadas.

Súmula do discurso de Marina Silva:

(1) Reafirmado o compromisso com a manutenção do tripé econômico. Marina também declarou que “a autonomia do BC nunca foi um problema entre nós”; o tema estaria sendo discutido no âmbito do grupo que elabora o programa de governo da coligação.

Empresários, políticos e intelectuais irão ajudar a formular o programa de governo, que deve ficar pronto até 29 de agosto.

(2) Criticado o uso de usinas termelétricas como componente fixo da matriz energética, como ocorre há cerca de um ano. “Infelizmente, estamos sujando a matriz energética brasileira”. A proposta para o setor energético é aumentar as fontes de geração sustentáveis por meio da combinação de fontes energéticas. “Temos o compromisso de resolver de forma estrutural esse problema que se arrasta desde 2001, com fontes sustentáveis para não ter a dependência quase exclusiva das hidrelétricas”.

Segundo a maioria dos analistas o jogo recomeçou e o resultado ainda está em aberto.

 

Crédito da imagem: http://mundoband.blogspot.com.br/

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