Em Destaques, Vida Nacional

Lula esteve com Dilma Rousseff, em Brasília, na semana que passou. Em reuniões com a Presidente e Ministros, ele avaliou a conjuntura e os desafios do governo. 

Segundo informe do Valor Econômico (15/7/15), Dilma e Lula divergiram sobre o fator-chave da crise vivida no País: a Presidente avalia que “o centro da crise é a Operação Lava-Jato, que atinge lideranças políticas do governo e dos partidos da base aliada”. O ex-Presidente e os demais participantes teriam discordado desse diagnóstico presidencial (e pareciam acreditar que a estagflação seria o fator prioritário a ser revertido). 

Houve ainda um outro vazamento desta reunião estratégica: Lula teria vocalizado um forte pessimismo sobre o futuro imediato — “Preparem-se porque as coisas vão ficar piores”, ele teria dito (OESP, 15/7/15). E aconselhou: “o governo precisa vender esperança”. 

É vero que “as coisas vão ficar piores”. Estamos vivendo uma crise que combina — de forma perversa — fatores econômicos, políticos e sociais, tendendo a nos conduzir à anunciada “tempestade perfeita”. 

E, para complicar a situação, no presente momento a caixa [e o caixa] do governo estão mais vazios do que a mítica ‘caixa de Pandora’: nelas não há esperança alguma para ser oferecida ao povo brasileiro… Somente cortes de recursos orçamentários e aumentos de impostos (mantendo-se intocada a estrutura tributária regressiva). Resumo da ópera: ‘sangue, suor e lágrimas’ é a oferta que, na realidade, temos à mesa. 

O cenário econômico não deverá melhorar nos próximos doze meses. Foi a projeção apresentada por economistas, em recente discussão televisiva. Feliz Ano Novo? Talvez em 2017, dizem os analistas. 

Enquanto isso a conjuntura internacional não aponta nenhum alívio futuro das condições adversas que vivemos desde 2009. Muito pelo contrário. Basta ver o tratamento dispensado ao governo da Grécia que ousou questionar o poder das autoridades econômicas da União Europeia e não conseguiu atenuar o grau de austeridade da política econômica, como solicitava, e acabou “engolindo” mais um pacote de medidas liberalizantes que indicam apenas prorrogação da agonia que se arrasta desde 2010, mesmo respaldado por uma consulta popular com mais de 60% de apoio.

Além disso o cenário político seguirá sob pressão das delações premiadas, das investigações da Polícia Federal e dos processos da Promotoria. Ou seja: as turbulências políticas tendem a permanecer, caracterizando a cena nacional pelo menos até 2017. 

A temperatura social deverá subir e poderá tomar as ruas, com críticas severas ao mundo-da-política e reivindicações de caráter econômico-sindical. 

Ante o quadro, “o Planalto virou refém de uma pauta negativa”: arrasta-se tentando resolver os impasses gerados pelo ajuste fiscal, perde popularidade com a crise econômica e “não se desvencilha da Operação Lava-Jato” (OESP, 15/7/15). 

À sociedade basta esperar que a ‘tempestade perfeita’ seja superada pelo governo. E também torcer para que o biênio 2015/2016 passe logo, sem as perdas dos ganhos sociais conquistados, a partir de muitos esforços, desde 2003 como já apontam pesquisas do IBGE.


Créditos de imagem: Shutterstock

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