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Querer enunciar algo de inteligente ou de novidade sobre as óperas de Mozart é não apenas uma ousadia como antes de tudo uma pretensão asinina. Basta dizer que somente sobre uma das óperas de Mozart, “O casamento de Fígaro”, escreveram Hoffmann, Kierkegaard, Mönke, Baudelaire, Gounod, Jouve, entre centenas de intelectuais. Todavia, podemos fazer alguns comentários descritivos de fatos geralmente aceitos.

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Mozart se dedicou a todas as formas de óperas existentes à sua época, chegando mesmo a propor inovações. A primeira ópera apresentada em público foi “Bastien und Bastienne” em 1768, quando tinha o compositor 12 anos. Pertence ao gênero “Singspiel”, fórmula muito popular na Alemanha e Austria então, música leve, não muito diferente do que viria subsequentemente a ser a opereta na França. Simultaneamente, havia o menino Mozart composto sua primeira ópera bufa, “La finta símplice”, que só seria montada um ano depois. Mais dois anos e ele apresentava sua primeira ópera séria “Mitridate, re di Ponto” e já no ano seguinte inovava compondo “Ascanio in Alba”, uma festa teatral para em seguida experimentar uma fórmula tradicional do barroco, utilizada por Haendel e Vivaldi, a Serenata em “Il sogno di Scipione”. Ou seja, em apenas três anos, dos 12 aos 15 anos de idade, Mozart já havia experimentado todas as formas de ópera existentes no presente e no passado e inclusive tentado inovar. E passaria até a sua morte prematura, aos 35 anos, a explorar todos esses gêneros. Basta lembrar que suas três últimas óperas foram compostas cada uma em um dos três gêneros principais: “A flauta mágica” eleva à perfeição o Singspiel, “Cosi fan tutte”, uma das mais importantes óperas bufas do patrimônio universal, e “La Clemenza di Tito”, obra seminal do gênero ópera séria. Ao todo Mozart escreveu 21 óperas, dentre as quais algumas das obras primas, não somente da ópera, mas de toda a música ocidental. Basta lembrar “A flauta mágica”, “Don Giovanni”, “O casamento de Fígaro” e “Cosi fan tutte”, obras que talvez possam ter sido igualadas, superadas nunca.

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Wolfgang Amadeus Mozart – Il Sogno di Scipione, KV 126

https://www.youtube.com/watch?v=A7JzTVf5LCA

Créditos de imagem: commons.wikimedia.org

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