Em Ciência e Educação, Destaques

O processo eleitoral imprime ao país esperanças e novos desafios. Como no instigante relato de De Quincey, uma rebelião pode ser transformada numa fuga alucinada, uma invasão pode ser considerada um ato civilizatório e uma brutal derrota  pode ser admitida como etapa épica de um povo. Tudo acontece  de forma a acrescentar certa dignidade ao comprometimento do futuro.

A Educação Superior nos últimos 15 anos vem se desenvolvendo de forma positiva. Não só pelo ritmo de sua expansão que pode ser vista como um êxito quantitativo.  Foram 7.037.688 em 2012 e  7.305.977 matrículas em 2013.. A Educação a Distancia cresceu 2.800 % nos últimos 12 anos. As matriculas de pós graduação stricto sensu alcançaram 203.717 matrículas. Dobrou em dez anos.

Se, no entanto, considerarmos outros aspectos, ainda temos obstáculos a derrotar. A expansão gera diversos tipos de concentração. A concentração regional de matrículas resultando em 8% para a região Norte e 47% para a Sudeste. A concentração de matrículas no setor privado que representa de 74% em relação ao setor público. A concentração de matrículas nos cursos de Direito, Administração, Contábeis e Pedagogia que respondem por mais de 40% do total. A concentração por organização institucional acadêmica. Nesse caso, as universidades, cuja organização têm como requisito legal a organização institucional da pesquisa, expressa por 4 cursos de mestrado e 2 de Doutorado, no mínimo, ao tempo que representam 8% das 2.391 instituições de educação superior no Brasil concentram 54% das matrículas. As organizadas como Faculdade são 84% e recebem 27% das matrículas.

Não obstante o crescimento em ritmo acelerado da Educação a Distancia, o Brasil ainda possui 66% de seus municípios, mais de 3.600, sem nenhuma oferta de educação superior.

Ainda assim a educação superior pode ser considerada como um setor onde os esforços governamentais têm sido continuados e cada vez mais amplos.

Isso pode ser observado pela contínua ampliação das metas do Plano Nacional de Educação e pelos meios que essa Lei estabelece, inclusive quanto ao financiamento. Por outro lado merece destaque o compromisso estabelecido entre órgãos do governo e o Conselho Nacional de Educação em promover as alterações nos diversos marcos regulatórios do setor. O Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior, por sua vez, pode vir a ser relevante instrumento no estímulo ao estabelecimento de compromissos, metas e ações das instituições de educação superior com as dinâmicas setoriais econômicas e com o bem estar social.

Bem, exemplos de necessidades à educação não faltam. Os já mencionados podem ter suas ações continuadas para um lado ou para outro. A Educação a Distancia no Brasil pode continuar representando um atoleiro de vagas em regiões onde os cursos presenciais distribuem fartas matrículas, ou pode ser estimulada a interiorizar a educação superior, a agregar informação e conhecimento em regiões e localidades de fronteira.  Além disso as tecnologias associadas a essa modalidade de ensino, se adequadamente desenvolvidas, são capazes de ampliar as formas de aprendizado e permitir reforços e atualização de conteúdos curriculares.

Novo arcabouço legal é demandado também em ações de incentivo a maior internacionalização na formação e na pesquisa. Critérios e procedimentos de revalidação de diplomas de graduação e pós graduação são hoje um desestímulo ao intercâmbio e a cooperação. Por outro lado, a agenda dessa alteração está em andamento e a criação do programa ciência sem fronteiras vem recebendo apoios e novas formas de amplitudes.

O padrão de organização institucional é outro aspecto que merece atenção. A perseverar o atual modelo de governança do setor público e a baixa densidade estratégica do privado não vamos para lugar nenhum, com ou sem bolsas de estudos nacionais ou internacionais.

Não é trivial a expectativa que a população deve ou deveria depositar nas eleições. Só por uma atividade vemos que, se as condições forem perfeitas o desastre será inevitável.

Outro conto insurgente, dessa vez  de Dino Buzzati, aborda também os Tártaros. Dessa vez, no entanto a permanente ameaça alimenta a esperança e a infinita ausência desafia o futuro.

Muitas vezes uma invasão pode representar, apenas, um avanço para a retaguarda.


Créditos de imagem: jornalggn.com.br

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