Em Análises e Reflexões, Destaques

A junta de banqueiros dos EUA, similar daquilo que se chama por aí “banco central” (FED ), anunciou mais uma vez que vai reduzir a injeção de recursos na economia, diminuindo a compra mensal de títulos de 75 bilhões de dólares para 65 bilhões.  Na verdade, esse recuo de 8,7% na oferta de liquidez nem é tanto assim; sinaliza outrossim com clareza para onde vai a política econômica dos EUA. Contudo, nesse mundo de puxa-sacos dos norte-americanos, provoca reclamações e choradeira (!) até de governos, que fingem aplicar outra política que não seja a do “Tio Sam”.

Os chamados “países da periferia” (do movimento do capital, claro), ao contrário do que fizeram no passado, buscam hoje em sua maioria deixar de lado as políticas de industrialização e se acertar como exportadores de qualquer coisa que seja demandada lá fora. Participantes da famosa “ciranda financeira”, suas elites (de que fazem parte seus governos) ganham o que podem e vão colocar o saldo no chamado “Primeiro Mundo”, sendo, portanto, isso indispensável: (a) participar do mercado financeiro global; (b) acumular reservas em dólares norte-americanos; e (c) esfomear suas populações locais.

A análise econômica sem o imperativo da ética não serve para muita coisa. O especulador quer ganhar na entrada e na saída e se queixa porque lhe cobram o estacionamento de seu “veículo” (capital). No entanto, a preocupação de um “governo nacional” deveria ser o interesse (nacional) e o bem estar da população (nacional). Priorizar metas de outros sob a alegação de que haverá maior crescimento leva ao conhecido “stop and go”, desvalorização do patrimônio (nacional) e empobrecimento efetivo (nacional). O mercado é um cassino. Como tal, quem está bancando o jogo nunca perde. Quem está jogando sabe bem disso. Mas, pode-se perguntar: a política de um governo deve priorizar aqueles que se dedicam a especular?

Para o consumo ideológico interno, fazem pose de antiamericanistas. Dessa maneira, o câmbio da maioria dos países periféricos, no lugar de ser um patamar estávelque expressa a necessidade de trocas e o aumento da produtividade local, se torna o circo de cavalinhos do mercado financeiro, onde: (a) bilhões de dólares improdutivos vêm especular; (b) a propriedade produtiva local troca de mãos; e (c) os ladrões se tornam “empresários internacionais”.

Daí a incrível “choradeira”, quando os elaboradores da política econômica norte-americana procuram arrumar sua própria casa. O que se vê é que se formou a nível internacional uma casta de parasitas “sem pátria”, capaz de berrar como bezerros desmamados, a procura de mais e mais tetas para sugar o sangue do povo pobre de todas as partes. Essa malta de especuladores domina, por exemplo, o mercado financeiro e o banco central locais, chegando a negar o oxigênio que os mantém vivos, ou seja, que “o que é bom para os EUA, é bom para o Brasil”.

No entanto, eles não podem nos enganar. No quadro do mundo capitalista (que é o único que existe), quanto mais se recupere a economia norte-americana, quanto mais cresça a economia chinesa, melhor para a economia real dos chamados emergentes. Isso porque – por incrível que pareça – à exceção da China e da Índia, não há muito de projetos nacionais em jogo no mundo de hoje. E, como já dizia Helvétius, sem interesse nacional não pode haver bem comum.

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