Em Conjuntura Internacional, Destaques

Em julho de 2014, o Presidente da China, Xi Jinping, realizou visita de Estado ao Brasil. Ele havia pedido à colega brasileira que organizasse um encontro com a cúpula da CELAC (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos), e Dilma Roussef aproveitou a estada em Brasília, para um outro evento, de representantes dos doze países da América do Sul para oferecer ao visitante uma reunião com quinze líderes da região. Na oportunidade, Xin Jinping propôs a realização em Pequim, em começos de 2015, de um primeiro Foro China, América Latina e Caribe. Convocado no nível de Ministros do Exterior, o conclave já aconteceu, nos dias 8 e 9 de janeiro de 2015, contando aliás com a presença de três presidentes: da Venezuela, do Equador e da Costa Rica. Os dois primeiros acorreram a Pequim para pleitear o socorro da China a suas economias em crise. Digna de registro foi a ida do Presidente da Costa Rica.

A Costa Rica, país que se distingue entre outras escolhas pela abolição das suas Forças Armadas, é o único Estado do Istmo centro-americano que reconheceu (2007) a RPC, rompendo relações com Taiwan Os chineses construíram um belo Estádio Nacional, na capital costa-riquenha, e iniciaram conversas para o financiamento e construção da sede da Polícia Nacional. Em junho de 2013, na viagem para encontrar Barack Obama em Sunnylands (Califórnia), Xi Jinping organizou o trajeto de maneira a visitar Trinidad-Tobago, Costa Rico e México. A escala de Costa Rica, onde era então Presidente a Sra. Laura Chinchilla, foi particularmente amistosa e produtiva, com a assinatura de treze acordos bilaterais em diversos setores. Em termos diplomáticos, a ida agora a Pequim do Presidente Luis Guillermo Solis pode ser vista como retribuição à visita de Xi Jinping a San José, em junho de 2013. O Chanceler Manuel González Sanz, de nível mais apropriado para o Fórum, acompanhou o Presidente e foi escolhido para co-presidir o evento, com o Ministro do Exterior da China, Wang Yi.

Três documentos foram divulgados: a Declaração de Pequim, formalizando as bases da associação; um plano operacional; e um Plano de Cooperação (2015-2019). Este último abarca múltiplas áreas para a cooperação China-América Latina e Caribe, desde as mudanças climáticas e a segurança na internet até a reforma da governança global. Nas relações econômicas, a China estabeleceu a meta de dobrar o comércio com a América Latina para US$500 bilhões, em dez anos, e o alvo ainda mais ambicioso de alcançar no mesmo período o patamar de US$250 bilhões de investimentos diretos. Cabe também destacar a preocupação com o “poder brando”: promoção do estudo do mandarim através dos Institutos Confúcio; concessão de 6.000 bolsas de estudo; e criação de 6.000 vagas de estágio. Projeta-se levar mil políticos da região para visitar a China nos próximos cinco anos; e mil “jovens líderes” para conhecer o treinamento de quadros do Partido Comunista Chinês.

País que procura consolidar relacionamento privilegiado com a China, fora dos avanços da CELAC, é a Argentina. Em 2012, numa passagem por Buenos Aires do Primeiro Ministro Wen Jiabao, Cristina Kirchner improvisou uma teleconferência entre o visitante e governantes da América do Sul. Nos anos que se seguiram, a Argentina aumentou em 64% suas importações da China, à medida que reduzia as compras no resto do mundo. Os chineses começaram a ganhar licitações em obras públicas de infraestrutura e logística. Em julho de 2014, após o Brasil, Xi Jinping foi convidado a visitar Buenos Aires para o lançamento, com financiamento chinês, de dois projetos de hidrelétricas na Província de Santa Cruz, feudo político da Presidente. Iniciava-se ali uma aproximação estratégica, que levou à aprovação em dezembro de 2014, pelo Parlamento argentino, de um controvertido Convênio Complementar de Cooperação em Infraestrutura a ser assinado com os chineses. Além de reafirmar o apoio às duas hidrelétricas, o Convênio prevê o início de conversações para a construção da quarta usina nuclear argentina. Cristina Kirchner deverá viajar a Pequim, em começos de fevereiro de 2015, a fim de estreitar seu entendimento com Xi Jinping.


Créditos de imagem: jornaldebrasilia.com.br

Facebooktwitter