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O Brasil perdeu na última segunda-feira (08/06) um de seus mais importantes e geniais cidadãos. Aldo Vieira da Rosa morreu aos 96 anos, em Palo Alto, no Estado da Califórnia, nos EUA.

É difícil saber realmente quem foi esse homem brilhante que o nosso país perdeu. As diversas qualidades de Aldo fizeram com que ele fosse conhecido por pessoas das mais variadas atividades profissionais, intelectuais e esportivas, tanto no Brasil como mundo afora.

Teria sido o perene atleta que venceu mais de 37 recordes internacionais de natação até os 91 anos de idade? Teria sido o piloto de provas de helicóptero? Ou teria sido o afoito piloto de planador com diversos troféus internacionais?

Poderíamos dizer também que o gênio que não está mais entre nós é simplesmente professor emérito da Universidade Stanford, nos Estados Unidos.

Perdemos o homem que criou em 1963 uma das mais importantes instituições brasileiras, o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Aldo Vieira da Rosa foi também presidente do Conselho Nacional de Pesquisa, o atual CNPq, professor do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica) e um dos fundadores do seu complexo tecnológico em São José dos Campos, o CTA (Centro Técnico Aeroespacial).

Alguns tiveram a oportunidade de conhecer Aldo como o inveterado jogador de basquete que praticava o esporte agressivamente todas as tardes. Para outros, ele era simplesmente o autor daquele que é o mais completo compêndio sobre energia renovável, adotado em diversas universidades e institutos de pesquisa de todo o mundo.

Aldo foi o patriota que atendeu ao convite para voltar ao Brasil após o enorme sucesso intelectual que teve nos Estados Unidos para aqui ajudar a criar, em 1976, a Codetec (Companhia de Desenvolvimento Tecnológico), uma extensão da Unicamp, que depois presidiu.

Nessa oportunidade, Aldo planejou aquele que seria o primeiro tecnopolo do mundo, a Ciatec, Companhia de Desenvolvimento do Polo de Alta Tecnologia de Campinas.

Aldo Vieira da Rosa já era brigadeiro da Força Aérea Brasileira (FAB) quando ocorreu o golpe militar de 1964. No ano seguinte, aposentou-se voluntariamente após ter voltado para a Universidade Stanford –onde estagiara durante sua mocidade– em 1963. Voltou para os bancos escolares para obter seu doutoramento.

Poucos, pouquíssimos têm essa força de vontade. Aldo desenvolveu em Stanford uma carreira admirável montando um dos laboratórios mais bem aparelhados do mundo para a realização de pesquisas sobre a estratosfera.

Nessa mesma universidade, uma das principais dos EUA, deu apoio a estudantes brasileiros de todas as áreas. Vinha periodicamente ao Brasil e escrevia artigos estimulantes e brilhantes nesta mesma seção da Folha, Tendências/Debates.

Quando houve oportunidade, Aldo Vieira da Rosa voltou ao Brasil e aqui ficou por cinco anos, arriscando sua posição como professor em Stanford, para tentar ajudar o país a se desenvolver economicamente.

Antes de todas essas qualidades profissionais e esportivas, Aldo era o militar cavalheiro, gentil e culto, que a todos acolhia com um generoso sorriso. Ele deixa amigos que lhe são e a quem foi sempre fiel.

O mundo perde não um, mas uma infinidade de seus mais distintos baluartes. O Brasil poderia ter aproveitado melhor as qualidades de alguém que teria sido, mais do que efetivamente foi, uma verdadeira alavanca para seu desenvolvimento econômico e social.

Publicado no jornal FSP: 15/06/2015.


Créditos de imagem: 3.bp.blogspot.com

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