Em Açoite

O Reitor da Universidade de São Paulo, Prof. Marco Antonio Zago, imitando o ex-governador de São Paulo, Paulo Maluf, que se “indignava” com o ensino superior público gratuito e a ex-Primeira Ministra da Inglaterra, Margareth Thatcher, que promoveu o pagamento das inscrições em universidades inglesas pelos alunos, propõe também que estudantes paguem pelo ensino que tiverem. Esta proposta reaviva um antigo, porém imperecível, debate. Deve ou não o Estado, ou melhor, a sociedade, manter o ensino público?

Em primeiro lugar é preciso não esquecer que a missão da Universidade é muito mais ampla do que simplesmente produzir mão de obra qualificada. A universidade é a instituição encarregada da produção e da difusão do conhecimento. O ensino é apenas uma das formas, dentre muitas, dessa última atribuição. Alguns veem o ensino superior como uma necessidade da sociedade. Uma comunidade moderna necessita de médicos, de engenheiros, de cientistas e, talvez, até mesmo de economistas e, consequentemente, tem obrigação de cria-los.

A direita vê o ensino superior como um benefício ao indivíduo, ou seja, ao estudante, e não à sociedade. É, portanto, como dever de beneficiado o estudante pagar pelo seu estudo. Com isso fica o futuro profissional desobrigado de qualquer interesse social. A lei da selva. Enquanto o estudante patrocinado, como profissional gestado pela sociedade, terá para com ela uma atitude de fidelidade e responsabilidade social, sem a qual sua atividade não será necessariamente construtiva.

Eis por que o conflito ensino pago – ensino gratuito não tem solução, pois envolvem princípios fundamentais irreconciliáveis, a precedência da comunidade sobre o interesse do indivíduo, ou alternativamente, a precedência do indivíduo sobre o bem comum. E parece que o Reitor da USP fez sua opção pelo interesse individual. Não é lamentável?

 

Créditos da imagem: http://www.jornaldocampus.usp.br/

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