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Em resposta a amigo fraterno que, por conta de sua reconhecida competência jurídica, considerou que eu não teria razão na denúncia de vazamentos suspeitos de depoimentos tomados em segredo de justiça, lhe enviei a mensagem reproduzida abaixo, sem citação do destinatário. Considerei útil torná-la pública para responder, mais uma vez, aos que me perguntam sobre a razão da minha opção por Dilma no segundo turno. Valeu X, meu bravo.

Mas te confesso que a coincidência de “depoimentos abertos” está permitindo uma campanha da mídia conservadora muito semelhante ao que senti durante os ataques a João Goulart e a Getúlio Vargas. Tudo na linha do boletim do Clube Militar, onde “subversão” e “ameaça de sovietização” ou transformação do Brasil em “outra Cuba”, são os argumentos para que os associados votem em Aécio.

Você sabe amigo, que não vejo muita diferença – para além de o atual PGR não ter recebido o apelido que colei no “engavetador” Brindeiro – entre as bandalheiras atuais e as procedidas durante o mandarinato de FHC. Nada, aliás, se iguala à compra de votos para garantir reeleição, ou os R$ 40 bilhões despejados pelo Proer no bolso de alguns banqueiros da patota. Não vejo nem mesmo grandes diferenças programáticas entre o livremercadismo dos tucanos e o reformismo fraco para garantir o pacto conservador do lulopragmatismo.

Mas há entre os dois uma razão maior até que a reimplantação do neoliberalismo especulativo, através de operador de mesa – Armínio – para eu votar Dilma e vetar esse mauricinho que só “governa” por ter uma irmã competente. E essa razão é a política externa.

Não quero ter um novo Celso Lafer, como chanceler, tirando sapato em revista de alfândega, mesmo em viagem de missão oficial.

Não quero ter um novo celsolafer que opere “ameaça de guerra” à Bolívia por conta de tráfico de armas e de drogas, cuja operação é administrada aqui dentro mesmo – em nosso Estado, por conta dos comandos de PM nomeados por Cabral Filho e seus acólitos.

E nem quero, bravo X, um novo Celso Lafer que, no mínimo, se omita quanto à ação do terrorismo de Estado do sionismo contra o povo palestino. O que discuto nessa questão das delações premiadas é, menos os depoimentos, mas, sim, a divulgação que deles se faz.

E fico me lembrando do quase silêncio em torno de um projeto de impeachment a FHC que consegui fazer passar, quando deputado do saudoso PT, por Comissões e chegar a plenário, onde obteve mais de 100 votos. Você soube disso? Se soube, por favor, me informe, porque não consegui ver em nenhum meio de comunicação.

Um abraço fraterno do seu sempre parceiro, Milton Temer. E luta que segue!

Por Milton Temer, jornalista e político.


Créditos de imagem: tijolaco.com.br

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