Em Ciência e Educação, Destaques

Antes de intencionar a mera irritação do nosso Editor, a utilidade do título, emprestado de Chesterton, pode ser revelada pelo espanto causado por certas empresas.

Talvez, esse possa ser o caso do Departament of Business, Inovation and Skills – BIS (Negócios, Inovação e Qualificação), agência Inglesa determinante na implantação das políticas que conduzem à empregabilidade os egressos da educação superior e à utilidade econômica a pesquisa realizada pelas universidades.

No âmbito dessa missão, o BIS organiza a prioridade do financiamento das instituições de educação superior, bem como ações e mecanismos capazes de ampliar a participação do conhecimento na economia do Reino Unido.

No desenho britânico da política pública de educação superior, houve a clara preocupação de convocar e organizar um conjunto de atores pela sua relevância na efetividade e no ganho nacional e não pelo interesse de cada um deles. Assim, foram organizadas comissões, conselhos e organismos públicos destinados a articular os interesses da educação superior com os da indústria, dos serviços, das políticas sociais, enfim, do desenvolvimento do país. Essa articulação é direta e envolve instituições como a Comissão Britânica de Empregos e Competências e o Conselho de Competências dos setores econômicos. A interação desse aparato foi capaz de mobilizar a confederação nacional da indústria britânica, o congresso de sindicalistas, o conselho da câmara britânica e institutos profissionais, como o de Engenharia para citar o mais destacado.

Esses órgãos produzem informações e pesquisas sobre ocupações de nível superior, como salários, desempenho do setor frente à empregabilidade, cenários de crescimento das carreiras, entre outros. Por outro lado, os órgãos públicos que definem a política, organizam as atividades de regulação, financiamento e avaliação da educação superior, baseados na proeminência desse conjunto de atores. É realizada avaliação dos egressos, currículos são verificados sob diversas perspectivas, inclusive a do serviço nacional de carreiras, o financiamento é articulado com o desempenho das instituições e cursos e utilizado como meio de estímulo regulatório. Para além do aparato regulatório de financiamento e avaliação, as ações governamentais se expandem para fortalecer a política pública por meio de academias nacionais de qualificação, centros de mobilização de emprego, programas avançados de capacitação de aprendizes, projetos de estímulo e informação à empregadores, e por aí vai.

O BIS recebe subsídios e informações de todo esse aparato e realiza programas para desenvolver a economia com base na atuação conjunta desses atores. Como resultado, as empresas ganham em desempenho e qualificação de mão de obra, e ainda são incentivadas a inovar. Por outro lado, as instituições de educação superior se beneficiam de uma estrutura robusta de financiamento e são estimuladas a auto avaliar o processo formativo e a pesquisa de olho na demanda.

No Reino Unido existem 100 universidades, algumas delas entre as 10 melhores do mundo, incluindo aí a de Oxford, fundada em 1096. São mais de 2,5 milhões de estudantes matriculados na graduação, dentre os quais 400.000 estrangeiros. O sistema de educação superior contribui com cerca de R$ 220 bilhões para a economia britânica. Estudantes estrangeiros agregam R$ 17 bilhões à economia.

No Brasil existem 2.416 instituições de educação superior, sendo 193 universidades, responsáveis por 54% das matriculas, estimadas em 7.037.688. Carreiras como Administração e Direito ocupam mais de 30% das vagas. Quanto esse conjunto agrega à economia brasileira? É difícil estimar. Sabe-se, no entanto, que o salário e a procura por egressos da educação superior vem caindo em relação ao do nível médio. Sabe-se que os centros de pesquisa e desenvolvimento do país de propriedade das empresas caíram a meros 2% do total, e, finalmente, sabe-se que o Brasil está na posição 68 de países que agregam tecnologia de informação em seu processo inovativo.

Em 2003, o governo britânico detectou queda das matrículas nas áreas da ciência, engenharias e matemática. Organizou uma força tarefa envolvendo empregadores, mídia, financiamento e agencias reguladoras. O resultado foi a melhoria dos currículos, aumento das matrículas, das bolsas e do emprego nessas áreas.

É bem estranho.

Créditos de imagem:  e3bradford.co.uk

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