Em Destaques, Música

Há blocos de composições de certos compositores que se fazem notórios, a exemplo das cantatas de Bach ou das canções de Schubert, que já foram nesta coluna mencionadas. Vamos pois tentar identificar dez candidatos a esta categoria. Colocarei em ordem cronológica os dez conjuntos escolhidos. E reconheço uma certa arbitrariedade na seleção.

  1. Canto Gregoriano
  2. Concertos de Vivaldi
  3. Cantatas de Bach
  4. Oratórios de Händel
  5. Quartetos de Haydn
  6. Óperas de Mozart
  7. Sonatas para piano de Beethoven
  8. Lieder de Schubert
  9. Música de câmara de Brahms
  10. 10. Óperas e Wagner

Mas, dirão os contestadores de plantão, quais os critérios. Por que não os Quartetos de Beethoven, ou a Música Sacra de Monteverdi, ou as Sinfonias de Mozart, ou as Óperas de Verdi, ou de Puccini e os concertos para piano de Mozart e assim por diante?

Reconheço a dificuldade, mas vamos lá. Em primeiro lugar é necessário que o conjunto escolhido constitua um conjunto coerente e de certa dimensão, que tenha um significado histórico e um alto padrão estético. Confesso um preconceito. Procurei evitar, inconscientemente talvez, mais que um conjunto de cada compositor. Uma espécie de vício democrático. “Tant pis”.

  1. O Canto Gregoriano é o resultado maravilhoso do esforço de centenas, senão milhares, de compositores anônimos disciplinados pela Igreja Católica, sob imposição de interesses políticos explícitos. E deu certo. Não é admirável. São 600 e poucas joias (a missa somente). Por favor não morra, caro leitor, sem se extasiar com esta experiência. Melhor em um, hoje raro, mosteiro, mas se não for possível há gravações excelentes, Solesmes, Silos, Beneditinos de Paris, etc. Se você não chorar ou ficar profundamente emocionado, é bom consultar um psicanalista.
  2. Stravinski, dizem uns, Dalapícola, dizem outros, teria dito sobre Vivaldi. “Ah, aquele que escreveu 500 vezes o mesmo concerto para violino”. Stravinsky (ou Dalapícola) era ignorante. Nunca teve acesso aos 500 concertos, dos quais apenas 220 eram para violino e os demais para todos os instrumentos da época, exceto o trombone. A variação harmónica, contrapontística, melódica dos concertos de Vivaldi é infinita. Apenas o ritmo, eu diria, não é tão variado como quanto veio a ser à época de Stravisnki.
  3. Cantatas de Bach já analisadas nesta coluna.
  4. Devemos agradecer eternamente aos ingleses por terem revisto o seu mau gosto e enfim rejeitado a grande ópera italiana. Sem saída, Händel se dedica ao Oratório e mais de trinta obras primas são compostas.
  5. Haydn, o compositor servil, criou muitas obras primas, as missas, o Oratório “A Criação”, as sinfonias do período intermediário. Todavia, os seus Quartetos, cerca de 60 e poucos, não apenas lideram a criação da “forma-sonata”, a mais importante fórmula do classicismo penetrando o Romantismo e até certas escolas contemporâneas, como ilustram a evolução do pensamento musical do classicismo.
  6. Mozart foi um gênio universal. Poderíamos compor os 10 pilares apenas com música de Mozart. Suas sinfonias, seus concertos para piano, seus quartetos, sua música sacra, etc. Todavia, o conjunto de suas óperas inclui obras primas em todos os gêneros operísticos desde o Singspiel até a Grande Ópera, e passando retumbantemente pela Ópera Bufa.
  7. E por que não os Quartetos? E por que não as Sinfonias? Beethoven, certamente, contribuiu para muitos gêneros, mas sua obra seminal é a série de 32 sonatas para piano, pois foi aí que Beethoven tudo experimentou e onde encontrou o seu pináculo.
  8. Os “Lieder” de Schubert já foram objeto de comentários nesta coluna.
  9. Brahms foi compositor econômico em comparação com os demais acima. São apenas 4 sinfonias, 2 concertos para piano, 3 quartetos, 2 sonatas para piano, algumas peças curtas para piano. É sua variada música de câmera que nos fascina.
  10. Debussy disse que “Wagner foi um ocaso que tomamos por uma aurora”, mas, que deslumbrante ocaso!

Créditos de imagem: centroculturalfasefmp.blogspot.com

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