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Por Sergey Kolyasnikov

Pode falar-me do “Pokemon Go”?

Já dei três entrevistas sobre isso, de modo que agora tenho de me aprofundar nas fontes primárias.

Programador do jogo: Niantic Labs. É uma start-up da Google. Os laços da Google com o Big Brother são bem conhecidos, mas irei um pouco mais fundo.

A Niantic foi fundada por John Hanke, o qual fundou a Keyhole, Inc. – um projecto de mapeamento de superfícies cujos direitos foram comprados pela mesma Google e utilizados para criar o Google-Maps, o Google-Earth e o Google Streets.

E agora, atenção, observe as mãos! A Keyhole, Inc. foi patrocinada por uma empresa de capital de risco chamada In-Q-Tel , que é uma fundação oficialmente da CIA estabelecida em 1999.

As aplicações mencionadas acima resolvem desafios importantes:

Atualização do mapeamento da superfície do planeta, incluindo estradas, bases [militares] e assim por diante. Outrora tais mapas eram considerados estratégicos e confidenciais. Os mapas civis continham erros propositais.

Robôs nos veículos da Google Streets olhavam tudo por toda a parte, mapeando nossas cidades, carros, caras…

Mas havia um problema. Como espiar dentro dos nossos lares, porões, avenidas com árvores, quartéis, gabinetes do governo e assim por diante?

Como resolver isso? O mesmo estabelecimento, Niantic Labs, divulgou um brinquedo genial que se propagou como um vírus, com a mais recente tecnologia da realidade virtual.

Uma vez descarregada a aplicação, e dadas as permissões adequadas (para acessar a câmara, microfone, giroscópio, GPS, dispositivos conectados, incluindo USB, etc), o seu telefone vibra de imediato, informando acerca da presença dos três primeiros Pokémon! (Os três primeiros aparecem sempre de imediato e nas proximidades).

O jogo exige que você dispare para todos os lados, atribuindo-lhe prmios pelo êxito e ao mesmo tempo obtendo uma foto da sala onde está localizado, incluindo as coordenadas e o ângulo do telefone.

Parabéns! Acaba de registar imagens do seu apartamento! Preciso explicar mais?

A propósito: ao instalar o jogo você concorda com os termos do mesmo. E não é coisa pouca. A Niantic adverte-o oficialmente: “Nós cooperamos com agências do governo e companhias privadas. Podemos revelar qualquer informação a seu respeito ou dos seus filhos…”. Mas quem é que lê isso?

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E há o parágrafo 6: “Nosso programa não permite a opção “Do not track (Não me espie) do seu navegador”. Por outras palavras – eles o espiam e o espiarão.

Assim, além do mapeamento alegre e voluntário de tudo, outras oportunidades divertidas se apresentam.

Por exemplo: se alguém quiser saber o que está sendo feito no edifício, digamos, do Parlamento? Telefones de dúzias de deputados, pessoal da limpeza, jornalistas vibram: “Pikachu está próximo!!!” E cidadãos felizes agarrarão seus smartphones, ativarão câmeras, microfones, GPSs, giroscópios… circulando no lugar, olhando a tela e enviando o vídeo através de ondas online…

Bingo! O mundo mudou outra vez, o mundo está diferente.

Bem-vindo a uma nova era.

Leia mais sobre o mesmo assunto:

Para Oliver Stone, “Pokémon GO” cria ‘novo nível’ de invasão de privacidadehttp://bit.ly/2ar2RvB

Pokémon Go: A CIA, o totalitarismo e o futuro da vigilânciahttp://bit.ly/2b0D7sl

Pokémon e o sequestro do desejohttp://bit.ly/2aJV6BG

Pokémon Go: temos que resistirhttps://blogdaboitempo.com.br/

Outras Palavras [http://outraspalavras.net/outrasmidias]: 27/08/2016.

Sergey Kolyasnikov. Jornalista.

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