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Responsável pela pré-campanha do senador Aécio Neves (PSDB) até dezembro de 2013, o antropólogo Renato Pereira, 54, diz que a derrota do tucano se deve à estratégia não ter saído da “zona de conforto do PSDB”.

Para ele, a sigla demonstrou visão “patrimonialista” ao focar em acordos políticos e declarações de celebridades no fim da campanha. Diz que Aécio “pregou para convertidos” ao centrar no discurso contra a corrupção.

A parceria acabou por divergências na pré-campanha. Para ele, o tucano deveria sair do “teatro da política” para a “agenda [da vida] real”.

“Os comerciais da Dilma são os compromissos dela com o eleitor, com o alvo da eleição. Sabe com quem precisa falar. A visão do Aécio e da cúpula do PSDB ainda é antiquada, com políticos e celebridades que supostamente influenciam as pessoas.”[/vc_column_text]

O caso Petrobras permeou a campanha toda e o Aécio apostou nisso. Foi um erro? [A corrupção] É um tema relevante para o eleitor que já priorizava o voto contra o PT. Aécio foi muito eficiente em pregar para os convertidos, mas para ganhar a eleição ele tinha que converter novos eleitores. O tema central é a economia do cotidiano, poder de consumo, mais e melhores empregos e perspectivas melhores de futuro.

O marqueteiro também apontou como erros o anúncio do economista Armínio Fraga como futuro ministro da Fazenda, chamar a presidente reeleita Dilma Rousseff de “leviana” num debate e apostar nas críticas de corrupção na Petrobras.

O problema foi anunciar um ministro ou o Armínio? Ao anunciar o Armínio ele busca ganhar credibilidade. Mas só entre quem já votava nele. O PT conseguiu uma tangibilidade para o discurso deles. Isso deu credibilidade à história [petista]. O segundo foi ter chamado a Dilma de leviana. No Nordeste, leviana tem o sentido de “mulher da vida”. Ficou particularmente agressivo. Do lado do PT, tem esse erro inacreditável, não da coordenação da campanha, mas de uma parte da militância, fazendo aquele ataque à sede da “Veja”. Multiplicou o alcance da matéria. Virou matéria no “Jornal Nacional”. Mas acho que não deu tempo [de influir no resultado].

Vitorioso na disputa no Rio, onde comandou a campanha do governador reeleito Luiz Fernando Pezão (PMDB), Pereira defende as críticas pessoais, a tática da desconstrução e criticou o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) por tentar impor programas de TVs propositivos. “É um campo aberto para o populismo”, diz.

Ele se absteve nos dois turnos, mas disse que votaria em Marina Silva (PSB) no primeiro e não quis declarar preferência no segundo.

Leia a íntegra da entrevista: http://bit.ly/1tAMkLH

Por Ítalo Nogueira, jornalista.


Créditos de imagem: vermelho.org.br

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