Em Ciência e Educação, Destaques

Por Herton Escobar

Foi lançada a pedra fundamental e assinado, na sexta-feira (19), em Campinas (São Paulo), o contrato de construção do prédio de 68 mil metros quadrados (maior do que muitos estádios de futebol) que vai abrigar o novo acelerador de partículas brasileiro, chamado Sirius. O custo total estimado do projeto é de R$ 1,3 bilhão, e a previsão é que a máquina comece a operar em 2018.

O Sirius terá um anel de 165 metros de diâmetro, que será usado para acelerar elétrons a uma velocidade muito próxima da velocidade da luz (99,999999%, para ser exato). Diferentemente do que ocorre no Large Hadron Collider (LHC) e outros grandes laboratórios dedicados ao estudo da física de partículas, porém, o objetivo do Sirius não é fazer com que os elétrons se choquem, mas aproveitar a luz que é gerada por eles quando acelerados a essa velocidade.

Projeto Sirius conquista cientu00EDfica brasileira

Pesquisador analisa equipamento em uma das linhas de luz do acelerador atual, no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron, em Campinas. Foto: Marcio Fernandes/Estadão (2013).

Essa luz, chamada de luz síncrotron, é uma radiação eletromagnética de amplo espectro, abrangendo diferentes tipos de energia, desde o infravermelho até os raios X. Ela é captada de dentro do anel e direcionada para as chamadas “linhas de luz”, onde os cientistas podem utilizá-la para uma série de aplicações – principalmente, para investigar as propriedades atômicas de materiais, tanto orgânicos (como uma célula, ou uma proteína) quanto inorgânicos (como uma liga de metal ou algum tipo de cerâmica industrial).

Há várias fontes de luz síncrotron em operação no mundo e o Sirius, segundo os responsáveis pelo projeto, será o mais avançado da sua categoria. Ele vai substituir o acelerador atual, chamado UVX, que foi inaugurado em 1997 e funciona bem até hoje, mas é pequeno demais para atender às demandas científicas da atualidade. Ambos os projetos são desenvolvidos e construídos no Brasil (não são máquinas prontas, compradas no exterior).

O projeto é do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), que é um dos laboratórios que compõem o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), em Campinas. A maior parte dos custos será bancada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O contrato de construção do prédio, de R$ 510 milhões, foi assinado com a empresa Racional Engenharia. Todos os cientistas brasileiros (e também estrangeiros) poderão utilizar o acelerador, mediante a apresentação de projetos.

Para mais detalhes sobre o Sirius, veja a reportagem especial que publiquei sobre o projeto em 2013: Sirius, o maior projeto da ciência brasileiraParte 1 e Parte 2  (O custo estimado do projeto à época era de R$ 650 milhões, mas ele foi ampliado e refinado tecnologicamente desde então.)

Infográfico interativo mostra o funcionamento do acelerador: http://goo.gl/PzQpN4

Para acesso ao sitio oficial do projeto no LNLS, clique aqui: http://lnls.cnpem.br/sirius/

Projeto Sirius conquista cientu00EDfica brasileira

Infografia Estadão

Publicado no blog Herton Escobar: http://bit.ly/1ACz0cq

Herton Escobar. Jornalista.


Créditos de imagem: ie.org.br

Facebooktwitter