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“Leve um homem e um boi ao matadouro. O que berrar mais  na hora do perigo é o homem, nem que seja o boi.”  (Torquato Neto)

Nos planos da direção nacional do Partido dos Trabalhadores, parece que três seriam os objetivos da legenda no pleito deste ano.

 A prioridade é a reeleição de Dilma Rousseff. E o noticiário político-econômico comprova que nenhum esforço tem sido poupado para a sua consecução.

Outro alvo é a conquista do Poder Executivo em alguns dos principais estados da federação. Em São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Rio Grande do Sul, Paraná, o PT lançará candidato próprio, em coligações partidárias diversas. Entre os maiores eleitorados estaduais, apenas no Ceará e em Pernambuco a legenda promete apoio a candidatos ligados a base de apoio do governo federal.

Quanto às eleições legislativas, o alvo petista seria obter significativo crescimento das bancadas da legenda no Congresso Nacional.

Hoje, o PT tem 87 deputados federais e 13 senadores. Se as bancadas crescerem 20% em 2014, o partido teria mais de 100 parlamentares na Câmara dos Deputados e em torno de 16 representantes no Senado Federal.

Na hipótese de ser bem sucedida esta estratégia, o petismo manteria sob sua direção a Presidência da República, controlaria importantes governos estaduais e teria cerca de um quinto dos votos no Senado e também na Câmara.

O eventual sucesso da empreitada é claramente indesejado pelos partidos da aliança governista, o PMDB à frente. A expansão da bancada de deputados federais do PT aumentaria o tempo de televisão e rádio a que a legenda tem direito (e reforçaria o caixa com maiores verbas do Fundo Partidário). Tudo em detrimento dos demais partidos…

O b(l)ocão criado em fevereiro último foi a mais forte articulação da frente política de oposição ao projeto de 2014 do petismo. Para tentar desarmar o b(l)ocão, o governo recorreu a variados recursos: cobrou fidelidade dos segmentos representados nos organismos de gestão (ministérios, secretarias, estatais, autarquias, etc); agilizou parte da reforma ministerial, anunciando seis novos ministros, nesta semana; comprometeu-se (com os líderes dos partidos aliados) a liberar a emendas parlamentares ao orçamento – reclamadas desde 2013. Mas fincou pé na resistências às maiores reivindicações dos rebelados, principalmente dos peemedebistas, que queriam impor nomes para o preenchimento do Ministério de Integração Nacional e também queriam concessões quanto às alianças político-eleitorais em algumas unidades da Federação (em especial, no Rio de Janeiro e Ceará).

A tática de fragmentar o campo adversário fez estragos: ao final da última semana, a mídia especulava que a bancada parlamentar do b(l)ocão poderia estar reduzida à metade, já a partir desta terceira semana de março.

Contabilizadas as perdas e ganhos, o governo de Dilma Rousseff terá que administrar os desgastes que eventualmente ocorram no Parlamento (primeiro, com a criação da comissão parlamentar de acompanhamento da investigação sobre as recentes denúncias de corrupção na Petrobras; e, segundo, com a ida de dez autoridades federais à Câmara dos Deputados, para serem arguidas pelos deputados).

Soma-se ainda na coluna das perdas do governo o imbróglio da legislação do Marco Civil da Internet – empacada no Congresso – e a revisão da proposta de cobrança de tributos sobre as empresas brasileiras que têm subsidiárias no exterior (um recuo na proposta original do governo, negociado esta semana por Guido Mantega, junto a representantes do grande empresariado).

Com o clima quentíssimo na esfera política, a audiência do noticiário econômico ficou restrita aos cadernos de economia dos grandes jornais, principalmente porque atualmente crescimento de produção e vendas são tratados como acidentes de percurso.

O destaque ficou por conta das ameaças representadas pela redução das exportações da China e por um aumento da inflação influenciada pelo item educação. Pouco destaque foi dado ao crescimento da produção industrial notadamente na de bens de capital.

Importante ressaltar a entrevista do ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, cotado para ser ministro em possível governo tucano, que defendeu com veemência uma retomada da política econômica baseada na austeridade – desprezando, a priori, as necessidades da maioria (que demandam crescimento econômico e inclusão social).

Créditos de imagem: r7.com

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