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Eu gravei um vídeo na última sexta-feira (10) que circulou fartamente pelo país, com repercussão inclusive no exterior, e que teve mais de 3 milhões de visualizações. Quero me manifestar de novo sobre aqueles temas para que a gente possa dialogar sobre as grandes questões políticas que o nosso país está atravessando hoje. A minha formulação anterior, que quero consolidar com essa fala, é que está em curso uma grande conspiração política contra a democracia, um golpismo político.

Não se trata de um golpe militar de velho tipo, de um golpe tradicional implementado por setores da política e do Estado contra um governo.  Trata-se de tirar a eficácia democrática do processo eleitoral, que é a principal joia da Constituição de 1988. Para entendermos a natureza desse golpe, devemos voltar aos movimentos de junho de 2013 quando a grande mídia, capitaneada pela Globo, glamourizou aqueles protestos e lançou uma palavra de ordem: O Gigante Acordou, o Brasil Acordou, como se, em todo o período anterior, nada tivesse sido feito de positivo no Brasil. Arquivaram a Revolução de 30, os governos progressistas, a democracia e os próprios partidos. O Brasil teria acordado de um longo sono. Um movimento que acabou sendo instrumentalizado contra o governo da presidenta Dilma.

Tanto é verdade que, quando essas manifestações começaram a atacar a grande mídia manipulatório, o movimento foi sendo esvaziado por essa mesma mídia que o promoveu. Depois desse processo, ocorreu um outro fenômeno, um ataque permanente, sistemático e brutal a todos os partidos políticos, como se a política pudesse ser feita sem partidos e como se, dentro dos partidos, ou dentro do clero, ou dentro da imprensa, da família ou de qualquer comunidade, não , tivesse uma parte podre, que trabalha mal, ou que trata só dos seus interesses. Esse ataque sistemático aos partidos é o ataque ao tecido democrático construído a partir da Constituição de 1988.

Ato contínuo, o que é que veio? Uma ideia de nova política. E se inventou uma candidatura, da Marina, uma pessoa digna que eu conheço, como se ela fosse uma emergência do bem no Brasil.  Essa candidatura foi jogada sempre contra o governo da presidenta Dilma, contra as conquistas dos partidos de esquerda, contra todas as conquistas sociais que foram promovidas no governo Lula e no governo da presidenta Dilma.

Por trás disso está a necessidade que esses grupos político-midiáticos, grupos conservadores de grandes empresários veem de fazer um ajuste no Brasil. Para isso, a ordem é desconstituir a política, desconstituir a força dos partidos, derrotar a presidenta Dilma e acabar com os programas sociais que têm gerado equilíbrio social no Brasil, que tem colocado de 40 a 50 milhões de pessoas em uma vida melhor, que tem promovido um desenvolvimento integrado no contexto da economia global, onde o Brasil passou a ser um sujeito protagonista e mais um mero objeto subalterno.

Agora, essa conspiração política dentro da democracia e contra a democracia está chegando ao seu termo. É o ataque cerrado que começou, primeiro, contra a Petrobras, embalado por um antigo plano dos tucanos de privatizar a empresa, dizendo que ali é um ninho de corrupção quando, na verdade, os governos que mais atacaram a corrupção no país foram os nossos. Eu, que fui ministro da Justiça, posso falar sobre isso pois comandei dentro das minhas funções no Ministério uma reestruturação profunda da Polícia Federal contra a corrupção neste país, o que bateu inclusive no meu Estado, o Rio Grande do Sul. Naquele momento, essas ações foram atacadas pelas mesmas forças conservadoras que estão se privilegiando agora deste ataque à política, desse ataque sistemático da grande mídia, desequilibrando o processo eleitoral.

É preciso alertar o povo brasileiro sobre o que está acontecendo. isso já aconteceu em outras oportunidades. Aconteceu contra o Getúlio, contra o Jango, aconteceu antes contra o Juscelino, aconteceu durante o processo constituinte, durante a primeira eleição do presidente Lula, quando visitavam as casas das pessoas dizendo que ele ia ocupar as casas delas, depois de eleito. É uma grande articulação política da qual nós temos que nos defender pela política, esclarecendo o povo, dando vitalidade aos preceitos constitucionais e mostrando que eleição é um debate político de programas e de futuro e não uma chantagem política organizada sistematicamente para derrotar um outro candidato. Vamos cerrar fileiras em torno da presidenta Dilma.

A última novidade deles é a seguinte. Os candidatos deles que se apresentam dizem que não têm partido, não têm passado, não querem discutir sua relação com os governos anteriores e com todos os males que eles fizeram ao grande conjunto da população brasileira, aos trabalhadores, aos empresários que querem investir na produção, a todos aqueles que produzem uma vida melhor para todos. Vamos nos unificar, vamos resistir e vamos derrotar essa conspiração política, reeleger a presidenta Dilma e reeleger os candidatos que ela apoia em todo o Brasil.

Por Tarso Genro, Governador do Rio Grande do Sul

Vídeo 1: http://on.fb.me/1vl2sCO

Vídeo 2: http://bit.ly/1o764Gt

Publicado em Carta Maior: http://bit.ly/1s8iAUf; Conversa Afiada: http://bit.ly/1C2y66O; Página FB Tarso Genro: http://on.fb.me/1tn6HO4


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