Em Destaques, Vida Nacional

    “A meta de Dilma é chegar em julho consolidada no patamar de 35% das intenções de voto e com sua popularidade estabilizada. É possível – mas ainda não é certo – que esse movimento esteja em curso. A equipe petista de pré-campanha identificou uma mudança de humor nos eleitores depois do início da Copa do Mundo. A aprovação ao Brasil hospedar o evento aumentou”.        (Blog de Fernando Rodrigues, 19/6/2014).

A festa mundial do futebol está propiciando uma pausa no clima de pessimismo que recobre o ambiente político nacional.

Seis fatores convergiram neste sentido: Primeiro, a organização da Copa funciona a contento (“são recorrentes os elogios da imprensa internacional ao Brasil, sem falar no deslumbramento com a hospitalidade e os pontos turísticos”, diz Murillo de Aragão, 19/6/2014); Segundo, o governo negociou uma trégua com movimentos sociais – como o dos Trabalhadores Sem-Teto de São Paulo – e as manifestações políticas estão a murchar nas ruas, pelo menos durante a Copa do Mundo; Terceiro, a mídia concentra-se na cobertura do evento global (reduzindo o destilar diário de críticas ao governo federal); Quarto, o Congresso Nacional já está vivendo um período de recesso (e não mais funcionando como caixa de ressonância para as campanhas de denúncias da mídia); Quinto, a oposição saiu chamuscada no episódio da agressão verbal à Presidente no jogo de abertura do certame esportivo; e, Sexto, o povo do Brasil é só futebol…

“A avaliação do Partido dos Trabalhadores é de que a Copa caiu nas graças do povo brasileiro e se traduziu numa boa imagem do país no exterior” (Correio Braziliense, 19/6/2014). De imediato, esta mudança também foi benéfica para a Presidente da República: até o início do certame, o PT registrava nas redes sociais cerca de dois terços de citações diárias negativas à Presidente. Depois de uma semana de jogos do Mundial, o quadro reverteu-se e era da ordem de 60% o número de menções positivas a Dilma Rousseff (Sul/21,18/6/2014).

O período de graça deve perdurar enquanto o encanto do futebol hegemonizar a cena brasileira. Pode encerrar-se abruptamente – com a desclassificação da Seleção Brasileira – ou na data prevista: 13 de Julho de 2014, cerca de um mês antes do início da propaganda eleitoral através da TV e do Rádio (marcada para 19 de Agosto).

Dilma Rousseff está aproveitando a trégua da Copa para tentar recompor suas bases de sustentação. Buscando resgatar o apoio do empresariado, na quarta-feira o governo anunciou medidas de estímulo industrial. Lula seria o guru da Presidente: quer convencer Dilma a mudar de postura, apostando que “a presidente tem de tomar medidas agora pra mostrar aos empresários que vai fazer um segundo mandato mais aberto a sugestões”. (blog do Kennedy, 18/6/2014).

Na mesma quarta-feira, Dilma também sinalizou para os setores precarizados, sancionando a legislação que garante adicional de periculosidade para os motoboys.

Recente enquete de opinião pública verificou que não houve alteração significativa na disputa pela Presidência da República, até a semana passada. O último retrato do ranking eleitoral foi registrado pela pesquisa CNI/Ibope (realizada nos dias 13 a 15 de Junho e divulgada em 19/6/2014). Há um empate técnico entre governo e oposições: Dilma tem 39% das intenções de voto e todos os seus adversários – somados – têm 40% (Aécio, 21%; Campos, 10%; e os demais, 9%). Cerca de 1/5 do eleitorado não definiu predileção por nenhuma das nove candidaturas propostas pela enquete do Instituto Ibope.

É crescente a rejeição aos três principais candidatos à eleição presidencial; a pior taxa pertence a Presidente: 43%. O problema é preocupante por que a avaliação do governo Dilma continua em queda e somente 31% dos entrevistados classificam-no como “Ótimo” ou “Bom”. A opinião pública dividiu-se em três partes semelhantes, neste quesito da enquete, pois 33% avaliam o governo Dilma como “Ruim” ou “Péssimo” e 34% consideram-no “Regular”.

“Atualmente, 72% dos brasileiros declaram-se insatisfeitos com o atual panorama do país”, verificou o Pew Research Center’s Global Attitudes Project. A insatisfação com as políticas públicas também é generalizada. A pesquisa CNI/Ibope constatou que há desaprovação com relação a todas as nove áreas de atuação de governo consideradas na enquete: Saúde – 78% dos entrevistados desaprovam esta política governamental; Impostos – 77%; Segurança Pública – 75%; Combate à Inflação – 71%; Taxa de Juros – 70%; Educação – 67%; Combate ao Desemprego – 57%; Combate à Fome/Miséria – 53%; Defesa do Meio Ambiente – 52%. (documento divulgado pela Confederação Nacional da Indústria – CNI, em 19/6/2014).

O PTB, mais do que depressa, aproveitou este mote (da insatisfação+desejo de mudança) para cambiar de trincheira – em nota assinada pelo presidente da legenda, afirma-se: “Hoje, mais uma vez sintonizada com o desejo de mudanças que vem sendo expressado pela ampla maioria do povo brasileiro, o PTB declara seu apoio ao senador Aécio Neves para as eleições presidenciais desse ano”… (O Globo, 21/6/2014).

Foi neste cenário desafiador que novas convenções dos partidos políticos foram realizadas no final da semana, com destaque para a do PT que oficializou a recandidatura da Presidente. Mas nem mesmo esta decisão-chave afastará definitivamente o fantasma do boato do ‘volta, Lula’: em sessão na segunda-feira, dia 16, o Tribunal Superior Eleitoral definiu “o dia 15 de setembro como data-limite para substituição de candidatos que concorrerão nas eleições de outubro. A mudança pode ser feita pelo partido ou coligação em caso de registro indeferido ou desistência”. (Fonte: TSE / ‘Regional Agora’, 19/6/14).

A novela ‘fica, Dilma/volta, Lula’ poderá perdurar até lá, ou – ao menos – enquanto persistir a tendência cadente do prestígio popular da recandidatura de Dilma Rousseff e de sua gestão.

Créditos de imagem: transparenciapolitica.org

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