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A campanha eleitoral foi acelerada há um mês, com o início da propaganda política em rádio e TV, desde 19 de agosto.

Examinaremos a evolução do desempenho dos presidenciáveis nas pesquisas eleitorais, através de cinco indicadores produzidos por levantamentos de opinião pública, feitos pelo instituto Datafolha no período. Os dados são de duas enquetes, cujos trabalhos de campo foram realizados em agosto (dias 14 e 15/8/2014) e em setembro (17 e 18/9/2014).

1. A taxa de intenção de voto espontânea é um indicador do piso eleitoral dos candidatos. Entre agosto e setembro, a taxa de Dilma Rousseff evolui positivamente (aumentou 1/4: seis pontos percentuais), passando de 24% para 30%.
Com Marina Silva, o incremento foi exponencial: a taxa de agosto foi multiplicada por quase cinco vezes; em setembro (expansão de dezenove pontos percentuais) passou de 5% para 24%.

A candidatura de Aécio Neves ficou estabilizada em ponto muito baixo nestes trinta dias: sua taxa de intenção de voto espontânea oscilou em um ponto percentual (passou de 11% para 12%).

Quadro 1 - Datafolha - Intenção de voto espontânea (%)

Nome Datafolha 14-15 Ago. Datafolha 17-18 Set.
Dilma 24 30
Marina 5 24
Aécio 11 12
Soma 40 66

Fonte: DataFolha

2. Outra taxa a de intenção de voto estimulada, indicaria o potencial das candidaturas no primeiro turno. A taxa de Dilma oscilou de 36% para 37%, consolidando-se em patamar sempre inferior aos 40%.

O crescimento da intenção de voto estimulada de Marina foi de cerca de 1/3 (nove pontos percentuais), passando de 21% para 30%.
A candidatura de Aécio perdeu densidade, caindo três pontos percentuais (recuo de 20% para 17%).

Quadro 2 - Datafolha - Intenção de voto estimulada (%)

Nome Datafolha 14-15 Ago. Datafolha 17-18 Set.
Dilma 36 37
Marina 21 30
Aécio 20 17
Soma 77 84

Fonte: DataFolha

3. Na simulação de segundo turno, as candidaturas de Dilma e de Marina estavam empatadas em agosto e continuam na mesma condição agora em setembro, mantida a ligeira vantagem da oposicionista.

Quadro 3 - Datafolha - Simulação 2º Turno (%)

Nome Datafolha 14-15 Ago. Datafolha 17-18 Set.
Dilma 43 44
Marina 47 46
Soma 90 90

Fonte: DataFolha

4. A rejeição a Dilma continua elevada, na faixa de 1/3 dos entrevistados. A de Marina cresceu muito, dobrando a taxa (com incremento de onze pontos percentuais, passando de 11% para 22%).

Dos três líderes da disputa presidencial, Aécio tem a menor taxa de rejeição: 21%, que cresceu três pontos percentuais em um mês.

Quadro 4 - Datafolha - Taxa de Rejeição (%)

Nome Datafolha 14-15 Ago. Datafolha 17-18 Set.
Dilma 34 33
Marina 11 22
Aécio 18 21

Fonte: DataFolha

5. A avaliação positiva da gestão 2011/2014 da presidente Dilma continua oscilando abaixo dos 40%, em linha com as suas taxas de rejeição (33%) e de intenção de voto espontânea (30%) e estimulada (37%).

Quadro 5 - Datafolha - Taxa de Aprovação do governo Dilma (%)

Nome Datafolha 14-15 Ago. Datafolha 17-18 Set.
Ótimo+Bom 38 38
Ruim+Péssimo 23 24
Regular 38 38
Sem Opinião 1 1
Soma 100 100

Fonte: Datafolha

6. Teremos mais uma quinzena de embates político-eleitorais. O pleito acontecerá em cinco de outubro e os estrategistas da reeleição de Dilma Rousseff projetam a necessidade de obter nas urnas do primeiro turno uma vantagem de dez pontos percentuais, sobre a votação de Marina Silva. Para isto, é preciso administrar duas taxas (a de rejeição da candidata Dilma e a de aprovação popular da gestão presidencial). E também é demandado manter sob intensa crítica a candidatura de Marina — visando incrementar a taxa de rejeição da líder da oposição, assim minando seu potencial de votos no segundo turno.

O jornalista Fernando Rodrigues listou os recursos que a Presidente tem para enfrentar o desafio: “a) a força do governo e de suas alianças formais pelo país; b) a equipe de marketing mais bem estruturada, comparativamente; c) a aversão ao desconhecido que parte do eleitorado nutre a respeito de Marina Silva; d) a força do PT em momentos decisivos”.

Segundo o jornalista Luiz Carlos Azedo, “a maior fragilidade de Marina se revelou quanto ao discurso político. Os adversários se aproveitaram de polêmicas criadas por Marina ou seus porta-vozes, como as relativas ao casamento gay, à independência do Banco Central, à exploração do pré-sal, ao controle da inflação e à legislação trabalhista”. Fernando Rodrigues contrapõe, a estes pontos frágeis do \’marinismo\’, alguns fatores positivos com que Marina poderia contar: a) ela é a candidata que mais incorporou em sua narrativa o desejo de mudanças expresso nas manifestações de junho de 2013; b) no eventual segundo turno contra Dilma, os tempos de propaganda eleitoral na TV e no rádio serão iguais; c) o PT enfrenta cenários adversos no Nordeste (Bahia e Pernambuco); d) o terceiro colocado da eleição deste ano deve ser Aécio Neves, cujo eleitorado é preponderantemente anti-PT, anti-Lula e anti-Dilma”.

Para Aécio, restaria apenas a estratégia de insistir em associar Dilma e Marina, colocando-as em um mesmo balaio, na perspectiva de convencer o eleitor — majoritariamente pró-mudanças — que as duas seriam expressões de \’mais-do-mesmo\’, de continuidade \’de-tudo-o-que-esta-aí\’, de \’troca-de-seis-por-meia dúzia\’, de \’farinha de um mesmo saco\’.

Enquanto o “couro come” no horário eleitoral a divulgação de alguns indicadores econômicos começam a expressar, com maior nitidez, o cenário que a próxima ocupante do Planalto enfrentará a partir de 2015, ou seja, baixo crescimento econômico, inflação acima do teto da meta, estagnação da atividade industrial. Provavelmente a discussão de como enfrentar essas questões será a pauta do segundo turno já que até o momento o debate da economia só foi espuma.


Créditos de imagem: revistaforum.com.br

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