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A pesquisa eleitoral de Julho do Datafolha foi divulgada nesta semana e os principais candidatos à Presidência registraram evolução positiva, na comparação com os números da edição de Junho. Motivo: diminuiu o número dos eleitores sem candidato.

Dilma lidera (com 38% de intenções de voto). Aécio Neves tem 20%, Eduardo Campos, 9% – e os demais sete presidenciáveis listados na enquete totalizam 9%. Somadas, as oposições empatam com Dilma: têm 38% de intenções de voto. E 1/4 do eleitorado não tem preferência por nenhum dos candidatos.

As clivagens regionais são significativas, embora a Presidente vença em quatro das cinco regiões do País e haja empate no Sudeste. Ela tem seus melhores resultados no Norte-Nordeste; Aécio Neves, no Sudeste; e Eduardo Campos no Nordeste.

Aqui examinaremos o quadro sucessório a partir das disputas pelos governos estaduais.

O eleitorado brasileiro, apto a votar nas eleições de 2014, totaliza quase 142 milhões. E está fortemente concentrado em doze unidades da Federação.

Cerca de 4/5 deste total tem domicílio eleitoral nos 12 maiores colégios eleitorais, SP, MG e RJ; BA, PE, CE e MA; RS, PR e SC; PA e GO. [Ver: http://www1.folha.uol.com.br/infograficos/2014/07/84832-a-disputa-nos-estados.shtml ].

Uma das características da eleição deste ano é que o Partido dos Trabalhadores optou por lançar candidaturas próprias nestes maiores colégios eleitorais, estando presente em dez dos doze estados acima referidos (o PT não lançou candidato a governador no Pará e no Maranhão).

As estratégias adotadas, para competir nas eleições para governador, merecem um breve comentário.

(1) O Sudeste está dividido entre eleitores de Dilma Rousseff (28% de intenções de voto) e de Aécio Neves (27%). Coadjuvante, Eduardo Campos tem 9%.

O PT lançou candidatos em três estados do Sudeste (SP, MG, RJ). O melhor posicionamento nas pesquisas de opinião pública é de Fernando Pimentel (ex-Prefeito de BH, ex-Ministro) que concorre ao governo de Minas Gerais e lidera o ranking. Ele vai enfrentar dura batalha eleitoral contra dois tradicionais políticos mineiros: Pimenta da Veiga (PSDB) e Tarcísio Delgado (PSB). O resultado final é considerado incerto, tendendo à polarização PT versus PSDB. [Em enquete de maio, antes do anúncio da candidatura de Tarcísio Delgado, Pimentel tinha 31% de intenções de voto e Pimenta da Veiga, 19%].

No Rio de Janeiro, a opção petista foi pelo Senador (e ex-Prefeito) Lindberg Faria, que está embolado na disputa com outros três candidatos: o ex-Governador Anthony Garotinho (PR), o ex-Ministro e Senador Marcelo Crivela (PRB) e o candidato à reeleição, o Governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). Aqui, tudo é possível, pois os candidatos que seriam os mais fortes competidores (por controlarem poderosas máquinas eleitorais — Pezão e Lindberg) têm um handcap: precisam superar uma herança maligna — os desgastes da gestão Sergio Cabral. E, registre-se, os presidenciáveis Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) não têm candidatos próprios de suas legendas na disputa pelo governo do Rio, aliando-se ao PT e ao PMDB. [Em enquete de junho, Garotinho tinha 19% de intenções de votos, Crivela, 17%, Pezão, 13% e Lindberg, 12%].

Em São Paulo, o caso é diferente. Se Pimentel e Lindberg são políticos vitoriosos nas urnas, o candidato do PT debuta nesta arena. Somente com a propaganda na TV/Rádio conseguiremos estimar o potencial de votos do ex-Ministro Alexandre Padilha (PT). Por enquanto, o candidato à reeleição Geraldo Alckmin (PSDB) é quem lidera, seguido – de longe – por Paulo Skaf (PMDB) – empresário e dirigente sindical que disputou o mesmo posto em eleição anterior. O governador Alckmin atraiu o partido de Eduardo Campos para apoiá-lo, fortalecendo assim sua postulação. [Em pesquisa de junho, Alckmin estaria com 47% de intenções de votos; Skaf teria 21% e Padilha com 4%].

(2) No Nordeste, o melhor desempenho de Dilma: 55% de intenções de voto, liderando com folga sobre Aécio (10%) e Eduardo (11%). Na região, o PT tem candidato na Bahia (deputado Rui Costa, ex-secretário estadual) e no Ceará (em coligação com o governador Cid Gomes (PROS). Está apoiando aliados em Pernambuco (Armando Monteiro (PTB) e no Maranhão.

Na Bahia, a oposição coligada – DEM, PMDB, PSDB – lançou o ex-Governador Paulo Souto (DEM), tentando barrar a eleição do escolhido por Jaques Wagner (PT). O PSB entrou no certame com Lídice da Mata, que está à frente de Rui Costa, nas pesquisas. É uma disputa que tende ao segundo turno, com Lídice e Costa disputando a 2ª, vaga. [Em pesquisa de maio, Souto lidera: 42%; Lídice tem 11% e Costa, 9%].

No Ceará, a coligação PT/PROS lançou Camilo Santana (PT), o PSB vai de Eliane Novais e quem está ponteando o ranking – com 39% de intenções de voto — é o senador Eunício de Oliveira (PMDB), apoiado pelo PSDB.

Em Pernambuco, Eduardo Campos optou pelo novato Paulo Câmara (PSB), repetindo a estratégia vitoriosa pela Prefeitura de Recife, em 2012; o PSDB vai ao reboque do PSB e o PT optou pelo apoio ao candidato que lidera as pesquisas, Armando Monteiro (PTB). [Em pesquisa feita em maio, Armando Monteiro tem 43% e Paulo Câmara, 8%).

O imbróglio maranhense — duas candidaturas viáveis estão postas: Flávio Dino (PCdoB) representa o anti-sarneysismo (que mobiliza forças diversas: PSDB, PSB, dissidências petistas); e Lobão Filho (PMDB), que conta com o apoio oficial do PT. [Em pesquisa de junho, Dino registrava 50% das intenções de voto e Lobão Filho, 29%].

(3) No Sul, Dilma tem 33% nas pesquisas; Aécio, 22%; e Eduardo, somente 7%. Lá, disputam-se três reeleições para os governos estaduais. E prenunciam-se duras batalhas em dois estados — Rio Grande do Sul e Paraná. Em Santa Catarina, o governador parece ser o favorito.

No Rio Grande do Sul, renhida luta divide o eleitorado entre PT e PP. É eleição difícil; o PP sempre foi forte no estado (e agora tem o apoio do PSDB e do PSB), o governador Tarso Genro quer reeleger-se e PMDB e PDT podem ser o fiel da balança. [Em pesquisa de março, a senadora Ana Amélia Lemos/PP tinha 38% de intenções de voto e Genro, 31%].

No Paraná, há três forças políticas na disputa: pela reeleição, o PSDB do Governador Beto Richa; pelo PT, a Senadora Gleisi Hoffmann; e pelo PMDB o ex -Governador Roberto Requião. [Enquete de dezembro de 2013 era liderada por Richa, com 42% das intenções de votos, contra 23% de Gleisi Hoffmann e 19% de Requião].

Em Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD) tenta a reeleição, contra Paulo Bauer (PSDB) e Cláudio Vignetti (PT). [Na pesquisa feita em março, Colombo tinha 45% de intenções de votos, Bauer, 10%, e Cláudio Vignetti, 7%].

(4) No Norte, Dilma tem 44%, Aécio 17% e Eduardo 10%. No confronto no estado do Pará, o governador Simão Jatene (PSDB) busca reeleger-se. Do outro lado, o filho de Jader Barbalho – Hélder Barbalho (PMDB) – disputa o governo estadual, com o apoio do PT. [Pesquisa de junho mostra o governador com 34% das intenções de votos e Hélder, 26%].

(5) No Centro-Oeste, Dilma está com 35%, Aécio 22% e Eduardo 10%. Em Goiás, PT e PSB parecem fazer figuração no embate entre o governador que quer se reeleger, Marconi Perilo (PSDB), e o ex-Governador que quer retornar, Iris Rezende (PMDB). [Em pesquisa da segunda quinzena de junho, Marconi tem 37% e Rezende, 30%. Vanderlan Cardoso (PSB) , 9%, e Antônio Gomide (PT), 7%, completam o cenário].

Durante os próximos meses, estes serão os confrontos estaduais que deverão ser monitorados, para compor um grande mural da disputa regional do pleito de 2014.

Sob a moldura do cenário eleitoral, entramos na derradeira semana da Copa do Mundo de futebol, cujo fracasso na organização representava a primeira “bala de prata” da oposição à reeleição.

Como a catástrofe aguardada não se materializou, retornam ao horizonte as previsões pessimistas, dos analistas de sempre, sobre o comportamento da economia para os próximos meses. Dos indicadores conjunturais divulgados são destacados apenas aqueles que apresentam resultados negativos, visando criar um clima de pessimismo sobre o futuro, aos moldes do que foi  feito às vésperas da Copa, quando grande parte da sociedade foi levada a crer que o Brasil “passaria vergonha” frente ao resto do mundo.

Em realidade, nenhuma alteração significativa é esperada na economia do País, no curto prazo, que sugira aumento das preocupações já existentes, mas vamos aguardar os próximos lances da corrida eleitoral, pois, a não ser que “surjam” novos escândalos, a disputa eleitoral terá como tema central a questão econômica e suas derivações.

Créditos imagens: suacampanha.com

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