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Politicamente fragilizado, o governo federal sangra em praça pública e atrai todo tipo de predador. As semanas se sucedem e sempre alguma nova bactéria oportunista instala-se no organismo doente deste governo recém-empossado, buscando auferir vantagem econômica ou política. 

A mais recente das agonias foi o conflito aberto com os caminhoneiros, que deixou um rastro de prejuízos para os brasileiros e foi apenas parcialmente estancado através de negociações diretas entre o governo federal e as lideranças da categoria (a mídia nos informa que a Região Sul seria o epicentro da continuidade dos bloqueios de estradas pelo movimento de caminhoneiros). 

Além da crise com os caminhoneiros, um outro cravo foi pregado na cruz da Paixão de Dilma Rousseff: o rebaixamento dos títulos da Petrobras. A agência Moody´s retirou o grau de investimento atribuído aos papéis emitidos pela Empresa e agora eles são classificados como investimentos especulativos. 

É importante destacar que esse desdobramento da crise que se abate sobre a Petrobrás talvez seja o mais “suave”, pois a empresa líder do segmento petróleo, que é responsável por algo entre 10% a 15% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, está sob risco de sofrer interrupções importantes em seu programa de investimentos, aprofundando a tendência de recessão em 2015.

Para contaminar ainda mais o ambiente insalubre, as autoridades econômicas continuaram a implementar uma agenda negativa, desfazendo com os pés o que haviam feito com as mãos em anos anteriores; nesta semana, foi revogada desoneração da folha de pagamento de 53 setores da economia o que fatalmente contribuirá para o aumento de custos , em época de pouca demanda amplificando a queda do consumo.

É desemprego à vista, mas Joaquim Levy, defendeu a medida.  Ele inclusive, em entrevista coletiva, desqualificou a política econômica do primeiro governo Dilma quando disse que a desoneração foi medida “grosseira”, uma “brincadeira” que custara bilhões ao Tesouro Nacional (‘sem realmente proteger a manutenção de empregos’).  “Essa brincadeira nos custa R$ 25 bilhões por ano e vários estudos nos mostram que isso não tem protegido o emprego”.

A TV Globo (que até aqui batia palmas para o ajuste fiscal que penaliza exclusivamente trabalhadores e consumidores) reagiu pela primeira vez, contestando o discurso ‘levyano’ —  “Mas um estudo feito por um economista brasileiro na Holanda mostra o contrário. Segundo o pesquisador Clóvis Scherer, as medidas de desoneração da folha de pagamento tiveram um efeito positivo para a empresa. Setenta e quatro mil empresas foram pesquisadas e em 2012, o número médio de empregados aumentou 17%. Enquanto que nas empresas não beneficiadas, o índice foi de 2,9%. A pesquisa analisou os dados de quatro setores, entre eles têxtil e calçados”. (TV Globo / ‘Jornal Nacional’, 27.2.15. Link para texto e vídeo • http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2015/02/governo-aumenta-contribuicao-previdenciaria-das-empresas.html). 

Esta política econômica de ajustes e restrições (que enfrenta dificuldade para ser aprovada no Congresso Nacional) amplia o grau de conflito entre o Estado e a Sociedade, em um contexto em que se prenunciam muitos problemas : no último bimestre (dezembro e janeiro), mais de 630 mil postos formais de trabalho foram fechados, segundo os números divulgados pelo Ministério do Trabalho (referentes ao CAGED — Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). 

E como as desgraças têm o péssimo hábito de virem sempre (mal) acompanhadas, está prevista para ser divulgada nesta semana a lista de personalidades políticas que poderão ser processadas pelo Supremo Tribunal Federal. Depois de encurralar alguns doleiros, petroburocratas e dirigentes de empreiteiras, chegou a hora da Promotoria denunciar ao STF os deputados, senadores, ministros e governadores que estão arrolados na ‘Operação Lava Jato’ e têm direito a foro privilegiado. 

‘Vai arder prá danar’, dizia famoso samba de João Nogueira… 


Créditos de imagem: folhadoprogresso.com.br

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