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Brasil encerra 2014 com a Economia estagnada e a Política desarrumada. E parece que assim vamos permanecer, 2015 adentro.

A economia brasileira cresceu muito pouco em 2014 e a tendência é a mesma para 2015.

Os números do Orçamento Anual da União (OAU) para 2015, enviados ao Congresso Nacional pelo Poder Executivo, confirmam as expectativas pessimistas para o próximo ano:

Variações Percentuais no Produto Interno Bruto (PIB)

Ano PIB (%) Instituição
2011 2,7 IBGE
2012 1,0 IBGE
2013 2,4 IBGE
2014* 0,2 Focus/Bacen
2015** 0,8 Ministério do Planejamento

*Estimativa para novembro
**OUA/2015 (Projeção)

Se os primeiros dez anos do século XXI deixaram alguma gordura para ser queimada, parece que o quadriênio inicial da década de 2010 esgotou o excedente.

A preocupação agora é quanto ao futuro de quatro indicadores diretamente ligados às condições econômicas da população: emprego, renda, crédito e consumo.

Até aqui, mesmo com o PIB rateando, esses números foram positivos, garantindo uma das menores taxas de desemprego da nossa história e a elevação da massa salarial e da renda média de assalariados e de ocupados.

Acredita-se que esse comportamento de mercado — associado às políticas sociais compensatórias — seja o principal fator que reconduziu Dilma Rousseff à Presidência da República, em 2014.

O segundo mandato ainda não começou. Mas o período final desta gestão que expira está a indicar que o legado de Dilma 1 deverá comprometer boa parte do biênio inicial de Dilma 2.

Na política, a demanda é pela reorganização da base de sustentação parlamentar do governo. São quatro os fatores que delimitam a tarefa: as denúncias de corrupção que afetam burocratas, empresas e políticos; a rebelião na Câmara dos Deputados, que dificultou a aprovação de prioritários projetos governamentais e que agora ameaçam colocar um Presidente (indesejado por Dilma) na direção da Mesa daquela Casa; as dificuldades para a composição do futuro Ministério; e, a radicalização do discurso da oposição, que reluta em aceitar plenamente os resultados do pleito presidencial de 2014, insinuando haver ilegitimidade na quarta conquista eleitoral do petismo.

Na economia, normalmente, esta época do ano é pautada pela discussão do cenário para o exercício seguinte, o que este ano está sendo substituída pela “peleja” em torno da política econômica do futuro governo. Temos por enquanto a definição de metas do novo ministro que sinaliza uma política fiscal austera de controle de gastos (superávit das contas ao final de 2015 de 1,2% do PIB) acompanhada pelo Banco Central que pratica uma política monetária ativa (juros altos), medidas que indicam contração da atividade econômica. Contrarrestando essas medidas, assistimos a publicação de Medida Provisória liberando mais recursos para repasse do BNDES e a aprovação da redução drástica das dívidas de Estados e Municípios.

Para complicar ainda mais o quadro interno, a conjuntura econômica internacional indica a continuidade da estagnação na Zona do Euro e Japão e desaceleração da economia da China. A única exceção é a economia dos EUA que continua em trajetória de recuperação. Em função desse cenário assistimos também um forte quadro de queda dos preços das commodities (petróleo e minério de ferro). Todos esses fatores pressionam decisivamente a economia do Brasil que, se optar pela austeridade, poderá ver sua alternativa atual (mercado interno) comprometida e o caminho será a retração da atividade econômica. Alguns analistas ligados a grandes bancos, minimizam os efeitos de medidas restritivas invocando 2003 (primeiro governo Lula), mas aprendemos com os germânicos que os processos podem desenrolar-se de maneira diversa — “Hegel observa […] que todos os fatos e personagens de grande importância na história do mundo ocorrem, por assim dizer, duas vezes. E esqueceu-se de acrescentar: a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa”. (Karl Marx, O 18 Brumário de Luis Bonaparte).

Política e Economia demandam ajuste fino. A maior — ou menor… — competência na administração destes fatores críticos será determinante na resultante final do futuro governo. Se errar na mão, Dilma terá que enfrentar um quadro social de revolta assemelhado àquele registrado em Junho de 2013, que quase descarrilou seu primeiro mandato.


Créditos de imagem: exame.abril.com.br

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