Por Sírio Possenti
Acho que sempre foi assim, mas ultimamente as redes sociais e leituras relativistas de teorias já relativistas têm produzido interpretações estapafúrdias. De dois tipos, basicamente: ou por interpretação obviamente furada ou por associações que nem Freud explicaria.
De imagens, então, nem se fale. Um exemplo: circularam fotos de aves de bico comprido presentes numa premiação da revista ISTOÉ. Numa delas, Moro e Aécio (o Mineirinho?) conversam e riem amigavelmente. Pelo menos é o que parece mostrar o instantâneo (lembrar que é um instantâneo). Comentou-se (eu mesmo o fiz) sobre como o juiz julgaria Aécio, na eventualidade de ter que fazê-lo.
Logo um espertinho caçou uma foto de Lula e Aécio conversando, aparentemente de forma amigável, embora não muito animada. O textinho sugere que a relação Lula e Aécio é tão suspeita quanto a de Aécio e Moro. Mas o cara não se dá conta de que Lula não é juiz? Que não é a mesma coisa dois políticos (duas pessoas) conversarem e um juiz participar de uma série de convescotes com possíveis réus, mesmo que eles não sejam de sua alçada?
Às vezes, parece que U. Eco tinha razão em sua avaliação da presença de imbecis nas redes.
Do FB do Autor [http://bit.ly/2hFI2jK]:11/12/2016.
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Sírio Possenti. Doutor em Linguística. É professor titular no Departamento de Lingüística da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
