Em Destaques, Vida Nacional

Por Mauro Santayana

Plano Cohen

Documento divulgado pelo governo brasileiro em setembro de 1937, atribuído à Internacional Comunista, contendo um suposto plano para a tomada do poder pelos comunistas. Anos mais tarde, ficaria comprovado que o documento foi forjado com a intenção de justificar a instauração da ditadura do Estado Novo, em novembro de 1937. Em março de 1945, com o Estado Novo já em crise, o general Góes Monteiro denunciou a fraude produzida oito anos antes, responsabilizando pela autoria o capitão Olímpio Mourão Filho, então chefe do serviço secreto da Ação Integralista Brasileira (AIB), – que justificou seu silêncio por anos seguidos diante da fraude em virtude da disciplina militar a que estava obrigado. Plínio Salgado, outro ativo participante do conluio, afirmaria mais tarde que não denunciou a fraude pelo receio de desmoralizar as Forças Armadas, única instituição, segundo ele, capaz de fazer frente à ameaça comunista. Fonte: A Era Vargas: dos anos 20 a 1945 CPDOC | FGV [http://bit.ly/1NM2ier]

Contrariando a tese da Operação Lava-a-Jato, da qual emana o discurso de que houve um conluio para a “criminosa” obtenção de obras para empresas nacionais de engenharia no exterior, com o “criminoso” financiamento do BNDES, para a “criminosa” geração de milhares de empregos, dentro do Brasil, em milhares de “criminosas” pequenas e médias empresas e fornecedores, para a “criminosa” exportação de serviços e produtos, para “criminosas” obras no exterior, como o “criminoso” Porto de Mariel, em Cuba – que os hitlernautas não perdoam a uma das maiores empresas do país – mesmo com o seu principal executivo, preso, há quatro meses, e ameaçado de permanecer indefinidamente na cadeia, a Organização Odebrecht acaba de vencer, em parceria equitativa com a espanhola Acciona, o edital de licitação de construção do “bolivariano” metrô de Quito, no Equador, sem a necessidade de nem um centavo de financiamento de bancos privados ou governamentais brasileiros.

Como já mostramos em longo texto neste ano, que desmente a tese de “comunistização” da Odebrecht, ou de sua dependência do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social*, o Brasil financia menos de 10% de sua carteira de contratos, em todo o mundo; e a Odebrecht, longe de ser “bolivariana” está fortemente implantada em Miami e nos EUA, o país – ao menos em tese – mais capitalista do mundo.

Isso faz dela, no lugar de uma empresa dependente do governo brasileiro, ou de “consultorias” do PT, ou de ex-presidentes da República, uma organização cada vez mais global, que tenderá a se afastar, também, cada vez mais do país que lhe deu origem, diante do clima de terror absurdo, kafkiano, imposto por uma Justiça e um Ministério Público, algumas vezes inexperientes – e outras vezes com “experiência” demais – messiânicos e seletivos, que se transformaram na matriz midiática de um novo Plano Cohen, marcado pela contaminação de vastas parcelas da sociedade pelo ódio ideológico, o preconceito, a virulência, a discriminação, pelo vira-latismo antinacional, a desqualificação e o vilipêndio de tudo o que for brasileiro, como ocorre também, por exemplo, com a Petrobras.

Do blog do autor: 31/10/2015 [http://www.maurosantayana.com/]

Mauro Santayana. Jornalista.


Imagem: Tokyo Monorail across Shibaura. Tōkyō Monorail Haneda Line. / Shiodome

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