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O reajuste acelerado dos preços incomoda a população. No acumulado de 12 meses, entre março de 2014 e fevereiro de 2015, a inflação oficial do país (Índice de Preços ao Consumidor Amplo/IPCA) ficou em 7,7%. No acumulado de 2015 (janeiro e fevereiro), a inflação já alcança 2,48%.

Os brasileiros de menor renda familiar foram os mais fustigados por este processo. Os preços da cesta básica paulistana (medidos pelo DIEESE, no mesmo período) foram reajustados bem acima da inflação oficial: entre março de 2014 e fevereiro de 2015, o preço da cesta básica acumulou aumento de 16,45% em São Paulo. Apenas no bimestre janeiro/fevereiro de 2015 a cesta básica paulistana subiu 6,97% (G1, 6.3.15).

O poder de compra dos salários é corroído e os trabalhadores também são ameaçados pelo desemprego: a indústria automobilística, por exemplo, extinguiu mais de 13 mil postos de trabalho, em um ano.

Os “humilhados e ofendidos” arcam com os custos dos ‘desarranjos’ e dos ‘ajustes’ da economia brasileira. Imediatamente. E a punição ao mundo do trabalho promete aumentar, se forem aprovadas sem alterações as medidas provisórias enviadas ao Congresso Nacional pelo ministro Joaquim Levy.

Com uma sensibilidade e um humor típicos da alta burocracia nacional, “em defesa do pacote de ajuste, o ministro Levy [disse]: ‘O Brasil não está doente! Aliás, sem cometer uma indiscrição excessiva, deixe-me dizer que há pessoas ao meu redor que me contam que uma dieta efetiva requer comer menos e melhor; fazendo assim, explicam, apesar do ceticismo de alguns, os resultados aparecem’, diz ele em entrevista à Folha de S. Paulo. [Assim], Levy defende que as medidas econômicas tomadas até agora são essencialmente de diminuição de gastos, inclusive renúncias fiscais” (Brasil247, 6.3.15).

É claro que Levy não nos contou como será que os pobres irão “comer menos e melhor” se forem tungados pela inflação, pelo pacote do ajuste fiscal e pelo desemprego.

E tudo indica que não teremos “refresco” nos próximos meses , pois, mesmo com números negativos divulgados diariamente sobre o ritmo de atividade da economia, o Conselho de Política Monetária (Copom) aumentou , mais uma vez, a taxa de juros básica da economia, agora para 12,75% ao ano a expectativa que a alta continue nas próximas reuniões.

Os efeitos do conjunto de medidas adotado até agora poderá ser amplificado pela crise política instalada entre Executivo e Legislativo, pois não há nenhuma garantia que o Congresso aprove várias medidas impopulares que ainda estão no formato de medida provisória.

O risco é que o Governo, tendo reprovadas as medidas enviadas, lance mão de aumentos de impostos e cortes de despesas que não são obrigados a passar pela aprovação do Congresso, fato que amplificaria os efeitos negativos sobre o nível de atividade econômica. Outro gargalo provocado pelo “embate” político atinge a política cambial que, ao sabor da insegurança política, levou a cotação do dólar americano a R$ 3,12 em 09/03.


Créditos de imagem: direito.folha.uol.com.br

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