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Por Álvaro Bianchi

“Quais são as razões para a adesão da Fiesp ao impeachment? Como diria James Carville, assessor de Bill Clinton em sua campanha presidencial de 1992, “é a economia, estúpido”. Quem conhece a cozinha da Fiesp sabe que os industriais são mais pragmáticos do que ideológicos, que costumam agir guiados pelos resultados no curto prazo e que tendem a adiar a tomada de uma posição política, embora ao contrário dos banqueiros costumam em algum momento tomar partido. A mudança de posição sinaliza que os empresários paulistas:

  • Consideram que o ciclo de desenvolvimento econômico baseado na expansão do crédito e do consumo, gerenciado pelos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff, está encerrado.

  • Deixaram de acreditar que o atual governo seja capaz de reestabelecer uma dinâmica de crescimento econômico, por meio de um ajuste fiscal e da reforma trabalhista que consideram necessárias.

  • Passaram a considerar que a crise política é um entrave para a recuperação econômica, na medida em que cria uma situação de desgoverno e diminui a margem de manobra da equipe econômica.

  • Não estão dispostos a esperar por uma vitória da oposição em 2016 e desejam uma solução imediata para esta crise, a qual passa pelo PMDB paulista e pela liderança de Michel Temer.

Obviamente não devem ser excluídas outas motivações secundárias, mais ideológicas, como o renitente conservadorismo dos industriais, ou mesmo políticas, como os sonhos eleitorais do presidente da Fiesp Paulo Skaf, filiado ao PMDB. Tais motivações secundárias são, por assim dizer, sobre determinadas e podem ter tido um papel importante na definição do momento. Mas as oscilações do humor dos industriais parecem seguir de perto os índices do PIB industrial e serem determinadas por cálculos de curto prazo. Por essa razão, nada impede que esses mesmos empresários mudem de posição mais uma vez com relação ao impeachment, principalmente se avaliarem que o processo contra a presidenta poderia gerar uma situação ainda mais incerta para a indústria. Afinal de contas, não se pode dizer a respeito dos industriais paulistas que entraram neste jogo agora e que lhes falta sagacidade. A pirâmide da Avenida Paulista não é habitada por patos; aquele é o habitat de velhas raposas.”

Leia o texto integral deste artigo acessando: http://bit.ly/1T8fkEE

Blog Junho: 18/12/2015.

Alvaro Bianchi. Professor do Departamento de Ciência Política da Universidade Estadual de Campinas.


 

 

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