Por Nilson Lage
Por essas e outras, acho erro brutal, primário, radicalismo estúpido e até cumplicidade com o crime (porque mistura estações) colocar no mesmo saco um homem como o General Ernesto Geisel e míseros torturadores e assassinos de Doi-Codi e assemelhados.
Foi Geisel que, arriscando o rígido pescoço, foi a São Paulo, entrou na cova do leão, começou a fechar matadouros e aterrar calabouços.
Não que Geisel, ou Figueiredo, Médici ou Costa e Silva não tenham culpas.
Têm as suas. Pesadas. São culpas históricas, que o tempo julgará no confronto a frio de documentos.
Os outros são bandidos comuns, sádicos consumados e deveriam, há muito, estar encarcerados, para a segurança de nós todos e como advertência aos que se embalam em marés de ódio.
A confusão dos dois níveis de responsabilidade ajudou bastante a proteger os tarados e criminosos.
Cito trecho do relato do geólogo Guilherme Estrella, copiando do Conversa Afiada:
“Em 1963, militares da corrente baathista assumiram o poder no Iraque, que era uma construção artificial dos ingleses, quando desmoronou o Império Otomano (assistir a Lawrence de Arábia).
A certa altura, os jovens militares nacionalizaram o petróleo e criaram a INOC, Irak National Oil Company.
As petrolíferas recorreram, então, à Corte Internacional de Haia e, inacreditavelmente, venceram. E se montou um embargo, de âmbito mundial, ao petróleo iraquiano.
O Iraque não podia mais vender petróleo, como aconteceu, recentemente, com o Irã, até fazer o acordo com os Estados Unidos.
Como se sabe, naquela altura, o Brasil importava 2/3 do petróleo que consumia e o Iraque era um de seus maiores fornecedores.
O governo Geisel não teve dúvida.
Desrespeitou o embargo e continuou a comprar petróleo do Iraque.
O tempo passou e o governo do Iraque, agradecido, comprou Volkswagens brasileiros, pediu à empreiteira Mendes Junior – hoje destruída pelo Moro – para construir uma ferrovia lá, e chamou geólogos da Petrobras para tentar achar petróleo numa área promissora, mas inexplorada.
E a Braspetro – hoje quase destruída pelo Moro –, sob a liderança de Bolívar Montenegro Guerra, descobriu um “super-gigante” poço.
O jovem Estrella estava lá, na equipe da Braspetro.
Acesse o link: Estrella, o geólogo que descobriu o futuro do Brasil – http://bit.ly/1ofWMbs
Facebook do autor: 26/03/2016.
Nilson Lage. Jornalista. Doutor em Linguística pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Imagem: aepet.org.br